Resumo de consulta pré-natal: anamnese, exame físico, e estratificação de risco

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Diagnóstico da gravidez

Sinais de gravidez:

  • Presunção:
    • Atraso menstrual;
    • Náuseas, tonturas, sialorreia, alteração do apetite, polaciúria, sonolência;
    • Aumento de volume das mamas, hipersensibilidade nos mamilos, tubérculos de Montgmery, saída de colostro pelo mamilo, hiperpigmentação vulvar, cianose vaginal e cervical, aumento do volume abdominal;
  • Probabilidade:
    • Amolecimento do cérvice, com posterior aumento do seu volume;
    • Paredes vaginais aumentadas, com aumento da vascularização e pulsação da artéria vaginal observável;
    • βHCG positivo;
  • Certeza:
    • Presença de BCF;
    • Percepção de movimentos fetais;
    • USG sugestivo.

Rotina do pré-natal

  • Cálculo da idade gestacional:
    • Se DUM conhecida e certa: a IG será o tempo passado da DUM até a data da consulta;
    • Se DUM desconhecida: calculada pelo USG obstétrico realizado até a 12ª semana de gestação.
  • Frequência de consultas:
    • Até 28ª semana: mensal;
    • 28ª-36ª semana: quinzenal;
    • 36ª semana em diante: semanal;
    • Alta: 42° dia de puerpério.

Fatores determinantes de gravidez de alto risco

Fatores da história pregressa

Essa é uma lista não exaustiva, visto que outras condições clínicas que exijam acompanhamento especializado também podem determinar alto risco gestacional.

  • Cardiopatias;
  • Pneumopatia graves (incluindo asma brônquica);
  • Nefropatia grave;
  • Endocrinopatia (especialmente DM e disfunções tireoidianas);
  • Doenças hematológicas;
  • HAS pré-existente;
  • Doenças neurológicas;
  • Doenças psiquiátricas graves;
  • Doenças autoimunes;
  • Alterações genéticas maternas;
  • Antecedentes de TVP ou TEV;
  • Ginecopatia (malformações uterinas, miomatose, tumores, etc);
  • Doenças infecciosas:
    • Toxoplasmose;
    • ISTs;
    • Hanseníase;
    • Tuberculose;
  • Dependência de drogas.

Fatores da história reprodutiva

  • Morte intrauterina ou perinatal, especialmente se por causa desconhecida;
  • Doença hipertensiva com mau resultado obstétrico (interrupção prematura da gestação, síndrome HELLP, eclâmpsia, internação da mãe em UTI);
  • Abortamento habitual;
  • Infertilidade.

Fatores da gravidez atual

  • Restrição ao crescimento intrauterino;
  • Polidrâmnio ou oligodrâmnio;
  • Gemelaridade;
  • Malformações fetais;
  • Arritmia fetal;
  • Doenças hipertensivas gestacionais.

Anamnese obstétrica

Gestação atual

  • DUM, registrando se certa ou incerta;
  • Sinais e sintomas na gestação em curso;
  • Aceitação da gravidez.

História pregressa

  • Peso anterior à gestação,
  • Hábitos alimentares;
  • Doenças crônicas: breve revisão de sistemas, priorizando doenças comuns como HAS e DM;
  • Anemias e deficiências nutricionais;
  • Doenças infecciosas:
    • Rubéola;
    • Hepatites virais;
    • HIV;
    • ITU;
    • Hanseníase;
    • Tuberculose;
    • Malária;
    • Sífilis;
  • Alergias;
  • História de internações, transfusões, e cirurgias;
  • Vacinação;
  • Medicamentos em uso;
  • Uso de drogas (incluindo álcool e tabaco).

História familiar

  • HAS (crônica e gestacional);
  • DM (crônica e gestacional);
  • Malformações congênitas;
  • Anomalias genéticas;
  • Gemelaridade.

História social

  • Estado civil/de união;
  • Trabalho (identificar riscos ocupacionais);
  • Contato com portadores de:
    • Hanseníase;
    • Tuberculose;
    • Doença de Chagas,
    • HIV (se contato sexual).

História ginecológica

  • Ciclos menstruais:
    • Duração;
    • Intervalo e regularidade;
    • Intensidade;
    • Idade da menarca;
  • Uso prévio de anticoncepcionais;
  • Infertilidade;
  • Doença inflamatória pélvica, e tratamentos realizados;
  • Malformações uterinas;
  • Patologias das mamas;
  • Última citologia oncótica.

História sexual

  • Idade da primeira relação;
  • Dispareunia;
  • Prática sexual na gestação atual e em gestações anteriores;
  • Parceiros atuais;
  • Uso de preservativos.

História obstétrica

  • GPA, com caracterização da via de parto e de intercorrências como gravidez ectópica e abortos;
  • Número de filhos vivos;
  • Idade na primeira gestação;
  • Intervalo (em meses) entre as gestações;
  • História de isoimunização Rh;
  • Número de filhos pré ou pós-termo;
  • Número de filhos de baixo peso (< 2500 g) e macrossômicos (> 4000 g);
  • Mortes neonatais precoces ou tardias;
  • Natimortos;
  • Intercorrências neonatais (icterícia, transfusão, hipoglicemia, etc);
  • Intercorrências gestacionais;
  • Intercorrências puerperais;
  • História de aleitamento.

Exame físico obstétrico

Exame físico geral

  • Inspeções da pele e das mucosas;
  • Sinais vitais: FC, FR, PA (normalidade: até 140×90 mmHg), e Tax;
  • Dados antropométricos;
  • Palpação da tireoide;
  • Ausculta cardiopulmonar;
  • Exame do abdome;
  • Exame dos MMII.

Exame físico gineco-obstétrico

  • Exame clínico das mamas;
  • Exame ginecológico:
    • Inspeção dos genitais externos;
    • Toque vaginal (caso haja queixas);
    • Exame especular (caso esteja indicada citologia oncótica ou haja queixas).
  • Medida da altura uterina (a partir da 12ª semana), da sínfise púbica até o fundo de útero;
  • Ausculta do BCF (com sonar a partir da 12ª semana, com Pinard a partir da 20ª) (normalidade: 120-160 bpm);
  • Manobras de Leopold (a partir da 24ª semana), que determinam:
    • Situação fetal: longitudinal ou transversal;
    • Apresentação fetal: cefálica, pélvica, entre outras;
    • Posição fetal: dorso à direita, esquerda, anterior, ou posterior.
Fonte.

Indícios de gravidade

Diante deles, a paciente deve ser encaminhado com urgência à maternidade de referência:

  • Trabalho de parto;
  • Amniorrexe prematura;
  • Gravidez a partir de 41 semanas;
  • Hemorragia na gestação;
  • Suspeita de pré-eclâmpsia;
  • Suspeita de pielonefrite;
  • Suspeita de TEP ou TVP;
  • Febre a esclarecer;
  • Instabilidade hemodinâmica;
  • Hiperêmese gravídica;
  • Diminuição de movimentação fetal;
  • Bradicardia ou taquicardia fetal;
  • Alteração de bem estar fetal em USG;
  • Diagnóstico de anencefalia fetal com desejo da gestante de interrupção da gravidez.

Além disso, a paciente deve ser alertado sobre os seguintes sinais de alerta:

  • Cefaleia occipital;
  • Escotomas;
  • Náusea e vômito;
  • Dor epigástrico;
  • Perda vaginal de líquido ou sangue.

Referência(s)

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012.


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