Doença diverticular: epidemiologia, classificação, quadro clínico, e tratamento

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Diverticulose é a presença de divertículos no cólon, normalmente assintomática. A doença diverticular ou diverticulite é caracterizada pela presença de sintomas.

Epidemiologia

  • Frequência de divertículos adquiridos:
    • < 30 anos: 2%;
    • > 60 anos: 40%;
    • > 80 anos: 60%.
  • Dos acometidos por diverticulose, 10-25% desenvolvem diverticulite.
  • 95% dos divertículos estão à esquerda.

Fisiopatologia

Aumento da pressão intraluminal por falta de fibras na dieta parece estar associada ao desenvolvimento de divertículos, porém, a fisiopatologia exata não é conhecida. Já a inflamação é constituída por microperfurações, associadas a:

  • Estase;
  • Inflamação;
  • Obstrução do divertículo;
  • Isquemia local;
  • Alteração da microbiota.

Classificação

  • Clínica:
    • Isolada, não complicada: episódio único de diverticulite aguda;
    • Recorrente, não complicada: múltiplos episódios discretos de diverticulite aguda;
    • Complicada: diverticulite aguda associada com abscesso, fístula, obstrução, perfuração, ou estenose;
    • Latente: diverticulite aguda associada a sintomas crônicos.
  • Radiológica (Hinchey):
    • Estágio I: abscesso paracólico confinado ao mesentério;
    • Estágio II: abscesso distante na pelve ou peritônio;
    • Estágio III: peritonite purulenta;
    • Estágio IV: peritonite fecaloide.

Diagnóstico

Quadro clínico

  • Sintomas:
    • Dor no quadrante inferior esquerdo;
    • Alteração do hábito intestinal;
    • Disúria.
  • Sinais:
    • Distensão abdominal;
    • Náusea e vômitos;
    • Febre baixa.
  • Apresentações clínicas:
    • Peritonite difusa (perfuração livre);
    • Pneumatúria e fecalúria (fístula colovesical);
    • Diarreia (fístula coloentérica);
    • Saída de fezes pela vagina (fístula colovaginal).

Propedêutica complementar

  • Achados laboratoriais:
    • Leucocitose;
    • Elevação da PCR (se > 150, provável abscesso).
  • Exames de imagem:
    • Enema opaco: útil na diverticulose, contraindicado se diverticulite aguda;
    • USG: examinador dependente, pode guiar punção de abscesso, mas não é o exame mais sensível;
    • TC: exame de escolha, pois avalia diagnósticos diferenciais e permite estadiamento (classificação de Hinchey);
    • RM: alternativa para pacientes que não possam ser submetidos à TC;
  • Colonoscopia não é indicada na fase aguda (risco de perfuração), mas deve ser feita 60 dias após a crise aguda para afastar câncer colorretal (3% dos casos).

Diagnóstico diferencial

  • Apendicite aguda;
  • ITU;
  • Síndrome do intestino irritável;
  • Nefrolitíase;
  • Doença inflamatória intestinal (especialmente doença de Crohn);
  • Colite isquêmica;
  • Doenças ginecológicas;
  • Câncer de cólon.

Tratamento

Clínico

  • Indicado na diverticulite não complicada, podendo ser feito ambulatorialmente. Para pacientes Hinchey II ou mais, a internação é necessária, e pode ser indicada cirurgia.
  • Antibióticos, com cobertura para anaeróbios e Gram negativos:
    • Ciprofloxacino + Metronidazol;
    • Sulfametoxazol + Trimetropim;
    • Ampicilina + Sulbactam;
    • Ampicilina + Clavulanato.
  • Dieta sem resíduo.
  • Analgesia.

Cirúrgico

Indicações:

  • Hinchey III ou IV (urgência);
  • Doença recorrente (cirurgia eletiva, profilática), a depender de decisão compartilhada com o paciente;
  • Abscesso pericólico drenado por USG (cirurgia eletiva, profilática).

Referência(s)

Aula do professor Rodrigo Gomes da Silva.


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