Distúrbios hidroeletrolíticos (DHE) são comuns na emergência, especialmente em pacientes vítimas de:
- Trauma;
- Grandes queimaduras;
- Sepse;
- IC;
- DRC;
- Neoplasias em tratamento quimioterápico.
Possuem consequências potencialmente graves, especialmente do ponto de vista cardiovascular.
Distúrbios do sódio
Hiponatremia
É a queda da [Na+] para < 135 mEq/L, sendo grave quando há instalação aguda de < 125 mEq/L (na crônica, o organismo se adapta).
Quadro clínico
- Aguda:
- Cefaleia;
- Desorientação;
- Convulsão;
- Coma;
- Insuficiência respiratória;
- EAP não cardiogênico;
- Crônica:
- Fadiga;
- Tontura;
- Alteração da marcha;
- Confusão;
- Ambas:
- Náusea e vômito;
- Letargia;
- Câimbras.
Padrões laboratoriais
- O diagnóstico de hiponatremia verdadeira só é dado quando há baixa natremia sérica + baixa osmolaridade sérica. Quando a osmolaridade está normal ou elevada (por aumento da concentração de grandes moléculas, com triglicerídeos > 1000 mg/dL e/ou proteínas > 10 g/dL), é considerada pseudohiponatremia.
- Pode haver:
Tipo | Osmolalidade | Mecanismo |
---|---|---|
Hiponatremia hipotônica | < 280 mOsm/kg H2O | Variável conforme a volemia |
Hiponatremia hipertônica | > 295 mOsm/kg H2O | Presença de solutos osmoticamente ativos (ex.: manitol, sorbitol, contraste, glicose) → Translocação de água do intra para o extracelular → Diurese osmótica → Perda de Na+ |
Tratamento
- A reposição de sódio deve ser orientada pela gravidade do caso:
- Agudo, grave: elevar a [Na+] em 2 mEq/L/h nas primeiras 2h, até melhora sintomática, depois reduzindo-a de modo a não ultrapassar a recomendação de < 10-12 mEq/L nas primeiras 24h;
- Sintomático, associado a hipóxia: elevar a [Na+] em 8-10 mEq/L em 4-6 h com solução salina hipertônica;
- Crônico: elevar a [Na+] em 12 mEq/L em 24 h.
- A resolução do quadro necessita da reversão da causa-base, o que sofre influência direta da volemia, sendo que:
Volemia | Causas | Prioridades no tratamento |
---|---|---|
Hiponatremia hipovolêmica | Perdas gastrintestinais, sudorese excessiva, sangramentos, perdas renais, síndrome perdedora de sal, hiponatremia associada ao exercício | Corrigir a volemia, sendo poucos os casos que necessitam reposição de [Na+] (ex.: síndrome perdedora de sal, hiponatremia associada ao exercício) |
Hiponatremia euvolêmica | Deficiência de cortisol ou de hormônio tireoidiano, SIADH, fármacos (ex.: tiazídicos) | Remover o agente causal |
Hiponatremia hipervolêmica | IC, síndrome nefrótica, insuficiência hepática, gestação | Adequar o tratamento da doença de base, sendo possível também administrar aquaréticos/vaptans (inibidores dos receptores V2 de vasopressina, que promovem diurese de água livre de eletrólitos) |
- Fórmula para correção na hiponatremia (variação do sódio por litro de solução infundida):
- Considerar água corporal total (ACT):
- Homens jovens: peso (kg) × 0,6;
- Mulheres jovens e homens idosos: peso (kg) × 0,5;
- Mulheres idosas: peso (kg) × 0,4.
- A solução de SF preferida é de NaCl 3%.
Hipernatremia
Quadro clínico
É a elevação da [Na+] para > 145 mEq/L, sempre associada a hiperosmolaridade.
- É mais grave caso a hiperosmolaridade se estabeleça rapidamente.
- Sintomas precoces:
- Letargia;
- Astenia;
- Irritabilidade.
- Sintomas tardios:
- Convulsões;
- Coma.
Causas
- Perda de água livre:
- Perdas diretas:
- Sudorese (ex.: febre, hipertermia, exercícios);
- Queimaduras;
- Perdas gastrintestinais:
- Vômitos;
- Diarreia osmótica (lactulose, má absorção, enterites infecciosas);
- Perdas renais:
- Diabetes insipidus central:
- Idiopática;
- TCE;
- Encefalopatia;
- Neurocirurgia;
- Isquemia;
- Doenças granulomatosas;
- Infecções;
- Neoplasias;
- Diabetes insipidus nefrogênica:
- Côngênita;
- Fármacos (ex.: lítio, demeclociclina);
- Hipercalcemia;
- Hipercalemia;
- Irresponsividade ao ADH;
- Diurese osmótica (ex.: glicose, ureia, manitol);
- Diuréticos de alça;
- IRA;
- DRC;
- Doença falciforme;
- Aumento da degradação periférica do ADH (ex.: gestação);
- Diabetes insipidus central:
- Disfunção hipotalâmica:
- Hipodipsia primária;
- Hipernatremia essencial;
- Perda de água para o espaço intracelular:
- Exercício;
- Convulsões;
- Rabdomiólise;
- Perdas diretas:
- Ganho de Na+:
- Ingestão de Na+ ou de água do mar;
- Infusão de NaCl ou NaHCO3 hipertônico;
- Alimentação entérica, enemas, ou eméticos hipertônicos;
- Diálise hipertônica;
- Hiperaldosteronismo primário;
- Síndrome de Cushing.
Tratamento
- Tratamento de emergência está indicado quando [Na+] = 158-160 mEq/L, sobretudo caso haja sintomas.
- Fatores de risco para edema cerebral (iatrogênico) durante o tratamento:
- Grande expansão volêmica inicial com solução isotônica;
- Ritmo de administração de volume muito rápido;
- Hipernatremia severa no início do tratamento.
- Fórmula para correção na hiponatremia (variação do sódio por litro de solução infundida):
- Considerar água corporal total (ACT):
- Homens jovens: peso (kg) × 0,6;
- Mulheres jovens e homens idosos: peso (kg) × 0,5;
- Mulheres idosas: peso (kg) × 0,4.
- A solução de SF preferida é de NaCl 3%.
Distúrbios do potássio
Hipocalemia
É a queda da [K+] para < 3,5 mEq/L. Frequentemente se associa a hipomagnesemia.
Quadro clínico
- Alterações do ECG são comuns, e incluem:
- Anormalidades de repolarização:
- Diminuição da amplitude das ondas T;
- Ondas U proeminentes;
- Depressão de ST;
- Fusão de onda T e onda U (grave);
- Prolongamento do QT;
- Anormalidades de condução:
- Prolongamento do QRS;
- BAV;
- Aumento de duração e amplitude de onda P;
- Prolongamento de PR;
- PCR.
- Anormalidades de repolarização:
- Abaixo de 2,5 mEq/L:
- Músculos e células tubulares renais são mais afetados;
- Pode haver fraqueza ou paralisia.
- Abaixo de 2 mEq/L:
- Paralisia ascendente e parada respiratória;
- Rabdomiólise → Mioglobulinúria, IRA.
Causas
- Uso de fármacos:
- Deslocamento do potássio transcelular:
- Beta-2 agonistas;
- Tocolíticos;
- Teofilina;
- Cafeína;
- Verapamil;
- Cloroquina;
- Insulina;
- Perdas renais:
- Diuréticos;
- Mineralocorticoides;
- Glicocorticoides;
- Penicilina;
- Ampicilina;
- Fármacos que depletam magnésio:
- Aminoglicosídeos;
- Foscarnet;
- Anfotericina B;
- Perdas intestinais:
- Fonoltaleína;
- Sulfonato de polistireno sódico;
- Deslocamento do potássio transcelular:
- Paralisia hipocalêmica periódica;
- Alcalose;
- Hipotermia;
- Distúrbios gastroenterológicos:
- Diarreia;
- Vômitos;
- Baixa ingestão dietética;
- Distúrbios endocrinológicos:
- Hipercortisolismo;
- Hiperreninemia;
- Hiperaldosteronismo;
- Acidose tubular renal;
- IC.
Tratamento
- A decisão por reposição deve considerar:
- Etiologia (ex.: deslocamento para o intracelular, distúrbio ácido-base);
- Potencial de hipercalemia iatrogênica;
- Gravidade do quadro (< 3 mEq/L).
- A infusão deve ser feita sob monitorização eletrocardiográfica.
- Protocolos de infusão:
- Limitada a 20 mEq/h, com diluição em solução fisiológica a 0,45%, com concentração máxima de 40 mEq/L em acesso periférico e 60 mEq/L em central, levando a elevação de 0,25 mEq/h;
- Infusão inicial de 2 mmol/min por 10 min, seguido por 10 mEq/L em 5-10 min (se arritmia grave).
Hipercalemia
É a elevação da [K+] para > 5,5 mEq/L.
Quadro clínico
Sintomas são inespecíficos e associados a quadros graves (> 6 mEq/L). Alterações no ECG incluem:
- Leve (5,5-6,5 mEq/L):
- Ondas T altas, apiculadas;
- Bloqueios fasciculares;
- Moderada (6,5-10 mEq/L):
- BAV de 1º grau;
- Ondas P de baixa amplitude;
- Depressão de ST;
- Grave (> 10 mEq/L):
- Bloqueios de ramo atípicos;
- Taquicardia ventricular;
- Fibrilação ventricular;
- Ritmo idioventricular.
Causas
- Liberação de K+ intracelular:
- Acidose metabólica;
- Deficiência de insulina;
- Hiperglicemia;
- Hiperosmolaridade;
- Lesão celular:
- Trauma;
- Hemólise intravascular;
- Transfusões;
- Infecções graves;
- Radioterapia;
- Lise tumoral;
- Excreção urinária diminuída:
- Hipoaldosteronismo;
- IRA;
- DRC;
- Diminuição de volume circulante efetivo:
- IC;
- Síndrome nefrótica;
- Cirrose;
- Distúrbios renais:
- Acidose tubular renal tipo 1;
- Distúrbio da secreção tubular de K+;
- Ureterojejunostomia;
- Fármacos:
- AINEs;
- IECA/BRAs;
- Diuréticos poupadores de potássio;
- Betabloqueadores;
- Ciclosporina;
- Digitálicos;
- Heparina;
- Succinilcolina.
Tratamento
- Quanto mais alta e rápida a elevação do potássio e maiores as repercussões, mais agressivo deve ser o tratamento.
- Em pacientes de função renal normal com [K+] < 6,5 mEq/L, fármacos de translocação de potássio costumam ser suficientes.
- Sequência de abordagem:
- Avaliação para toxicidade (ECG);
- Correção de distúrbios eletrocardiográficos com 1g gluconato de cálcio a 10% (contraindicado se intoxicação digitálica ou hipercalcemia);
- Excluir fármacos que possam potencializar hipercalemia;
- Tratar com (em ordem de gravidade/refratariedade do quadro):
- Aumentar o deslocamento do potássio do extra para o intracelular:
- Insulina 10-20 UI + Glicose 2,5 g/UI de insulina;
- B2-agonistas inalatórios 10-20 mg;
- Aumentar a excreção do potássio → Resina sulfato de polistireno sódico;
- Hemodiálise;
- Aumentar o deslocamento do potássio do extra para o intracelular:
- Reavaliar em 1-2 h.
Distúrbios do cálcio
Hipocalcemia
É a queda da [Ca] para < 8,5 mg/dL ou da [Ca2+] para < 1 mEq/L (hipoalbuminemia < 4 mg/dL pode diminuir a [Ca] sem diminuir a [Ca2+], de modo que acrescenta-se 0,8 mg/dL a cada diminuição de 1 mg de albumina).
Quadro clínico
Depende da rapidez de instalação do déficit, da presença ou ausência de hipomagnesemia, e da gravidade do quadro (sintomas normalmente ausentes se [Ca] > 7-7,5 mg/dL).
- Sintomas neuromusculares:
- Tetania;
- Mialgia;
- Câimbras;
- Disfagia;
- Sintomas psiquiátricos:
- Ansiedade;
- Irritabilidade;
- Psicose;
- Demência;
- Alterações eletrocardiográficas:
- Prolongamento de ST;
- Prolongamento do QT;
- Ondas T invertidas;
- Miocardiopatia reversível;
- Sinais no exame físico:
- Sinal de Trousseau;
- Sinal de Chvostek;
- Hiperreflexia;
- Outras manifestações (raras):
- Laringoespasmo;
- Broncoespasmo;
- Convulsões;
- Papiledema.
Causas
- Hipoalbuminemia;
- Deficiência de vitamina D:
- Intestino curto;
- Má absorção;
- Desnutrição;
- Cirrose;
- DRC;
- Hipoparatireoidismo:
- Iatrogênico;
- Autoimune;
- Congênito;
- Pseudo-hipoparatireoidismo (irresponsivo à elevação de PTH);
- Consumo tecidual de cálcio:
- Pancreatites;
- Malignidades;
- Metástases;
- Sepse;
- Precipitação com fosfato:
- Síndrome de lise tumoral;
- Rabdomiólise.
Tratamento
- Corrigir hipofosfatemia (prevenir precipitação);
- Administrar gluconato de cálcio (94 mg de cálcio elementar, 10 mL), 2 ampolas, IV, em 10-20 min;
- Manter infusão de 0,5-1,5 mg/kg/h de cálcio por 4-6 h;
- Em pacientes dialíticos, acrescentar cálcio à diálise;
- Em pacientes assintomáticos, leves, ou crônicos, suplementar por via oral com 1000-2600 mg/d.
Hipercalcemia
É a elevação da [Ca] para > 11 mg/dL.
Quadro clínico
- Assintomático até 12 mg/dL.
- Sintomas comuns:
- Anorexia;
- Náusea e vômitos;
- Dor abdominal;
- Constipação;
- Fadiga;
- Letargia;
- Fraqueza muscular;
- Diabetes insipidus nefrogênica (poliúria, com piora da hipercalcemia por depleção de volume).
- Sintomas em casos graves (> 16 mg/dL):
- Úlcera péptica;
- Nefrocalcinose;
- Pancreatite;
- Hipertensão;
- Encurtamento do QT;
- Psicose;
- Alucinações;
- Estupor;
- Coma.
Causas
- Principais (80% dos casos):
- Hiperparatireoidismo;
- Malignidades;
- Outras causas:
- Doenças granulomatosas (produção de calcitriol por monócitos e macrófagos):
- Tuberculose;
- Sarcoidose;
- Hanseníase;
- Hipercalcemia hipocalciúrica familiar;
- IRA;
- DRC;
- Hipertireoidismo;
- Doenças granulomatosas (produção de calcitriol por monócitos e macrófagos):
- Iatrogênicas:
- Imobilização;
- Nutrição parenteral total;
- Fármacos:
- Lítio;
- Estrogênios;
- Androgênios;
- Tiazídicos;
- Vitamina D;
- Vitamia A.
Tratamento
- Hidratação com cristaloide para diminuir a reabsorção tubular proximal de sal, água, e cálcio (200-500 mL/h de acordo com função renal e cardíaca);
- Diuréticos de alça para aumentar a calciúria.
- Casos especiais:
- Graves e tratamentos curtos → Calcitonina 4-12 UI, 12/12 hrs, IM, 2-3 dias;
- Reabsorção ósssea excessiva → Bisfosfonados;
- Relacionados ao aumento do calcitriol → Corticosteroides, 40-60 mg/dia;
- Refratários sem possibilidade cirúrgica → Anticorpos monoclonais.
Distúrbios do magnésio
Como o magnésio se encontra principalmente no intracelular, níveis séricos não refletem magnésio corporal total.
Hipomagnesemia
É a queda da [Mg2+] para < 1,8 mg/dL.
Quadro clínico
É frequente que hipomagnesemia se associe a outros DHE (hipocalcemia e hipocalemia). A maioria dos pacientes são assintomáticos, e, quando há sintomas, pode ser difícil discernir quais são causados por qual DHE.
- Manifestações neuromusculares:
- Hiperexcitabilidade (sinais de Chvostek e Trousseau);
- Convulsões;
- Coma;
- Manifestações cardiovasculares:
- Arritmias ventriculares (ex.: torsades de pointes).
Causas
- Renais:
- Diuréticos de alça e tiazídicos;
- Ciclosporina A;
- Foscarnet;
- Pentamidina;
- Aminoglicosídeos;
- IBPs;
- Diurese pós-obstrutiva;
- Carboplatina;
- Tacrolimo;
- Síndromes genéticas tubulares (Gitelman, Bartter);
- Hipomagnesemia familiar com hipercalciúria e nefrocalcinose;
- Gastrintestinais:
- Síndrome de realimentação;
- Hipomagnesemia infantil primária;
- Má absorção;
- Vômitos;
- Fístula intestinal;
- Drenagem nasogástrica;
- Desnutrição;
- Endócrinas:
- Hiperparatireoidismo;
- Hipertireoidismo;
- SIADH;
- Hiperaldosteronismo;
- Miscelânea;
- DM;
- Alcoolismo crônico;
- Redistribuição:
- Síndrome da fome óssea;
- Pancreatite aguda;
- Transfusão sanguínea;
- Tratamento com insulina.
Tratamento
- Em casos graves (< 1 mg/dL) e sintomáticos, reposição com 2 g de sulfato de magnésio em 100 mL de solução, infundidos por via IV em 5-10 min. Em seguida, infusão contínua de 4-6 g/dia por 3-5 dias se função renal próxima do normal. A taxa máxima de infusão é de 1 g/h ou 8 mEq/h.
- Em pacientes com insuficiência renal, a dose deve ser 50% menor.
- A eliminação renal é rápida, de modo que o tempo de infusão é importante, e suplementação adicional pode ser necessária.
- Como o equilíbrio da distribuição do magnésio nos espaços intra e extracelular é lento, os níveis séricos podem estar falsamente elevados se medidos muito cedo após a administração.
Hipermagnesemia
É a elevação da [Mg2+] para > 2,4 mEq/L.
Quadro clínico
- Leve (< 12,5 mg/dL):
- Náuseas e vômitos;
- Arreflexia;
- Hipotensão;
- Bradicardia;
- Alterações do ECG:
- PR prolongado;
- QRS alargado.
- Grave (> 12,5 mg/dL):
- Insuficiência respiratória;
- Hipotensão refratária;
- BAV;
- PCR.
Causas
As mais comuns são insuficiência renal e iatrogenia.
Tratamento
- Administração de cálcio IV para reversão de efeitos cardiovasculares e neuromusculares, sendo:
- 500-1000 mg de cloreto de cálcio por acesso central durante 5-10 min, repetindo até a cessação dos sintomas; ou
- 1-3 g de gluconato de cálcio por acesso periférico durante 3-10 min.
- Pacientes assintomáticos podem ser tratados com:
- Restrição de magnésio;
- Diuréticos de alça;
- Hemodiálise.
- Níveis séricos de magnésio devem ser medidos ao menos 1x/dia durante o tratamento, podendo ser aumentada a frequência a critério clínico.
Distúrbios do fósforo
As repercussões de distúrbios do fósforo costumam ser oriundas de sua causa-base. A maior parte deste elemento encontra-se nos ossos e tecidos moles, sendo que o fósforo livre extracelular está principalmente disponível na forma de fosfato.
Hipofosfatemia
É a queda da [PO3-] para < 2,5 mg/dL.
Quadro clínico
- Contratilidade diafragmática diminuída;
- Insuficiência respiratória aguda;
- Hipóxia tecidual;
- Diminuição da contratilidade miocárdica;
- Paralisia;
- Fraqueza;
- Parestesias;
- Disfunção neurológica;
- Convulsões.
Causas
- Desnutrição;
- Reservas corporais inadequadas de fósforo;
- Alcalose;
- Cetoacidose diabética;
- Alcoolismo;
- Vômitos;
- Perda gástrica;
- Medicamentos:
- Insulina;
- Diuréticos;
- Antiácidos;
- Sucralfato;
- Nutrição parenteral (por administração insuficiente de fosfato em pacientes em risco de síndrome de realimentação).
Tratamento
- Caso o paciente não tolere a via oral e/ou tenha sintomas, suplementação deve ser com 2,5-5 mg/kg de fosfato em solução salina, infundido na velocidade máxima de 1,5 mL/h.
- Durante a reposição, deve-se avaliar níveis de cálcio, magnésio, fósforo, e potássio a cada 6 h.
- Dose deve ser reduzida em 50% em pacientes com insuficiência renal.
- Suplementação adicional fica a critério clínico.
Hiperfosfatemia
É a elevação da [PO3-] para > 4,5 mg/dL.
Quadro clínico
Costuma ser secundário a hipocalcemia (precipitação de fosfato de cálcio), especialmente quando o produto cálcio x fósforo > 55-60 mg/dL. Os cristais de fosfato de cálcio também podem se depositar em tecidos moles e causar lesão a múltiplos órgãos.
Causas
- Insuficiência renal;
- Iatrogenia:
- Administração de fosfato;
- Uso de laxantes em pacientes com insuficiência renal;
- Acidose;
- Hemólise;
- Rabdomiólise;
- Hipoparatireoidismo;
- Medicamentos:
- Anfotericina B lipossomal;
- Vitamina D.
Tratamento
- Corrigir a causa subjacente e limitar a ingesta diária de fosfato.
- Quelastes orais (alumínio, cálcio, magnésio, e sevelamer) podem ser usados, mas os de alumínio e magnésio podem causar efeitos adversos e, em pacientes com insuficiência renal, acumular-se.
- A monitorização mínima dos níveis séricos de fósforo deve ser a cada 24-48 h, podendo ser aumentada a critério clínico.
Referência(s)
Dutra VF, Tallo FS, Rodrigues FT, et al.. Desequilíbrios Hidroeletrolíticos na Sala de Emergência. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 set-out;10(5):410-9.