Cardiopatia hipertensiva: anatomia patológica

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  • 2 anos atrás
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A cardiopatia corresponde, simplificadamente, ao conjunto de alterações cardíacas que ocorrem na hipertensão arterial sistêmica (HAS). Como a HAS é altamente prevalente, também a cardiopatia hipertensiva o é. E a gravidade da doença também é potencialmente alta.

Nos estados de hipertensão arterial, há uma sobrecarga (por pressão e volume) ao miocárdio, em decorrência da necessidade de “vencer” a resistência arterial periférica. Inicialmente, o músculo se adapta por meio da hipertrofia.

A hipertrofia miocárdica ocorre de duas formas: concêntrica e excêntrica. Na hipertrofia concêntrica, a sobrecarga de pressão leva a um aumento de todos os componentes celulares, especialmente das unidades contráteis (sarcômeros). O diâmetro da célula aumenta, e, assim, também seu volume, mas seu comprimento tende a manter-se o mesmo. Já na hipertrofia excêntrica, a sobrecarga de volume leva ao aumento em série dos sarcômeros, sem um aumento da espessura da célula.

Coração normal.

Evolução da doença

Fase compensada

Inicialmente, ocorre a hipertrofia concêntrica das células do miocárdio do ventrículo esquerdo e do septo interventricular, o que leva a um espessamento de suas paredes, com aumento do coração e diminuição da cavidade. Isso exige uma adaptação da circulação, com maior irrigação do músculo cardíaco.

Essa fase pode durar anos, e o débito cardíaco permanece normal. Não há, portanto, sintomas (e a HAS tampouco é capaz de produzi-los). Porém o aumento da demanda por sangue já é fator de risco para infarto agudo do miocárdio.

Espessamento ventricular na cardiopatia hipertensiva compensada.
Hipertrofia do miocárdio na cardiopatia hipertensiva compensada.
Hipertrofia do miocárdio na cardiopatia hipertensiva compensada.

Fase descompensada

Com os anos, caso a HAS não seja tratada, o miocárdio perde a capacidade de contração, e não consegue ejetar todo o sangue, causando uma sobrecarga de volume, que leva a hipertrofia excêntrica. Isso leva a uma redução progressiva das paredes cardíacas e a uma dilatação das cavidades cardíacas. Nem toda insuficiência cardíaca manifesta-se com dilatação de cavidades, mas, uma vez dilatada, uma cavidade cardíaca necessariamente está insuficiente.

Num coração normal, a valva mitral é capaz de se fechar a cada contração, e isso continua ocorrendo na cardiopatia hipertensiva compensada. No entanto, na fase descompensada, ela perde essa capacidade, e parte do sangue ejetado retorna ao átrio esquerdo após a sístole. Isso aumenta a quantidade de sangue que o coração precisa ejetar, e dificulta também o enchimento do lado direito do coração e, portanto, a drenagem venosa dos pulmões, causando neles hiperemia passiva. Decorre disso também uma hipertrofia concêntrica do ventrículo direito, com o propósito de compensar o distúrbio hemodinâmico, e ele também pode eventualmente passar por hipertrofia excêntrica, dilatação, e regurgitação. Esse quadro recebe genericamente o nome de insuficiência cardíaca congestiva (ICC).

Miocárdio na cardiopatia hipertensiva descompensada.
Miocárdio na cardiopatia hipertensiva descompensada.
Miocárdio na cardiopatia hipertensiva descompensada.
Miocárdio na cardiopatia hipertensiva descompensada.

Consequências

  • Insuficiência cardíaca;
  • Congestão, edema, e hipertensão pulmonares;
  • Predisposição a isquemia (mesmo na fase compensada, pelo aumento da demanda de sangue) e infarto;
  • Associação a outras lesões (SNC, rins).

Referência(s)

Aula do professor Geraldo Brasileiro Filho.


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