Complicações pós-operatórias cardiovasculares: tromboembolismo, infarto, arritmias, insuficiência cardíaca

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Prevenção

A cirurgia e a anestesia são procedimentos que sobrecarregam o sistema cardiovascular. É, portanto, necessário que o paciente tenha boa reserva funcional para ser operado.

Fatores de risco do paciente

  • Diabetes melito;
  • Doença tireoideana;
  • Insuficiência adrenal;
  • Obesidade;
  • Doenças hematológicas;
  • Insuficiência renal;
  • Hipertensão pulmonar;
  • Asma e DPOC (PO2 < 60 mmHg e/ou PCO2 > 50 mmHg);
  • Tabagismo.

Fatores de risco da cirurgia

  • Alto risco (≥ 5%):
    • Vasculares arteriais de aorta;
    • Vasculares periféricas;
    • Urgência ou emergência;
  • Intermediário risco (1-5%):
    • Endarterectomia de carótida;
    • Correção endovascular de aneurisma de aorta abdominal;
    • Cabeça e pescoço;
    • Intraperitoniais e intratorácicas;
    • Ortopédicas;
    • Prostáticas;
  • Baixo risco (< 1%):
    • Endoscópicas;
    • Superficiais;
    • Catarata;
    • Mamárias;
    • Ambulatoriais.

Sinais de alerta

Alguns sinais, caso observados na avaliação clínica, podem sugerir patologia cardiovascular que aumente o risco de complicações pós-operatórias deste sistema:

  • Dispneia;
  • Palpitações;
  • Hipotensão;
  • Edema;
  • Tonturas;
  • HAS;
  • Precordialgia;
  • Síncope;
  • Arritmias;
  • Tosse;
  • Sibilos;
  • Expectoração;
  • Crepitações;
  • Taquipneia;
  • Tabagismo;
  • Baixa capacidade funcional (< 4 METs);
  • Limitação de movimento.

Condições cardiovasculares graves

  • SCA;
  • Doenças instáveis da aorta torácica;
  • EAP;
  • Choque cardiogênico;
  • ICC classes III ou IV;
  • Angina classes III ou IV;
  • Bradi ou taquiarritmias graves (BAVT, TV);
  • HAS não controlada (PA > 180 x 110 mmHg);
  • FA de alta resposta (FC > 120 bpm);
  • HP sintomática.

Situações de risco proibitivo a cirurgias eletivas

  • Descompensação cardíaca;
  • IAM nos últimos 3 meses;
  • Congestão venosa central;
  • Child-Pugh-Turcotte classe C;
  • Creatinina > 2 mg/dL;
  • Glicemia > 180 mg/dL.

Situações de encaminhamento ao especialista para avaliação pré-operatória

  • Risco de DAC;
  • Obesidade;
  • Diabetes melito;
  • Idade > 70 anos;
  • Tabagismo prolongado;
  • Asma e DPOC;
  • Cirurgias de grande porte.

Exames relevantes a pacientes de alto risco

  • Avaliação de função de VE em repouso;
  • Testes não invasivos para detecção de isquemia miocárdica;
  • Cineangiocoronariografia;
  • Biomarcadores.

Síndromes coronarianas agudas

Compostas pela angina instável e pelo IAM.

Infarto agudo do miocárdio

  • Manifestações clínicas:
    • Alterações do segmento ST e por ondas Q patológicas no ECG (permitem detecção peroperatória);
    • Sintomas de isquemia;
    • Exame de imagem com perda miocárdica ou alteração segmentar nova;
    • Elevação e queda de troponina;
    • Trombo intracoronário visto no cateterismo.
  • Tipos:
    1. Espontâneo, ruptura na placa instável;
    2. Redução da oferta de O2, placa estável, obstrução grave;
    3. Relacionado a morte cardíaca súbita;
    4. Associado a procedimento percutâneo ou a trombose de stent intracoronário;
    5. Associado a cirurgia de revascularização miocárdica.
  • Prevenção:
    • Estatinas;
    • AAS (suspender 7 dias antes em cirurgias gerais, manter em cirurgias coronárias);
    • Betabloqueadores (iniciar com antecedência da cirurgia);
    • Revascularização miocárdica.

Arritmias

  • Em ordem de frequência:
    1. Fibrilação atrial;
    2. Taquicardia supraventricular não específica;
    3. Flutter atrial.
  • Bastante frequentes no pós-operatório, especialmente entre o 3º e o 4º dias.
  • Fatores de risco:
    • Idade avançada;
    • Insuficiência cardíaca;
    • Doenças valvares;
    • Extrassístoles atriais prévias;
    • ASA III e IV;
    • Hipocalemia, hipomagnesemia.
  • Conduta:
    • Prevenção de tromboembolismo na fibrilação atrial;
    • Tratar causa base na taquicardia supraventricular.

Insuficiência cardíaca aguda e edema agudo de pulmão

  • Complicação rara, mas grave.
  • Geralmente secundária a doença cardíaca desconhecida ou descompensada:
    • Insuficiência cardíaca;
    • Suspensão pré-operatória de medicações;
    • Valvopatias;
    • IAM perioperatório;
    • Arritmias;
    • HAS;
    • Administração excessiva de fluidos.

Tromboembolismo venoso

Trombose venosa profunda

  • Classificação:
    • De MMII:
      • TVP proximal;
      • TVP distal;
      • Tromboflebite superficial;
    • De veias cavas;
    • Da pelve;
    • De MMII;
    • Do seio cavernoso.
  • Fatores de risco:
    • Mobilidade reduzida;
    • Idade > 55 anos;
    • História prévia de TEV;
    • Varizes;
    • Obesidade;
    • Gravidez;
    • Estrogênios exógenos.
  • Etiologias:
    • Trombofilias;
    • IAM;
    • AVC;
    • DPOC;
    • Doença reumatológica ativa;
    • Infecções;
    • Internação em CTI;
    • Uso de cateteres;
    • ICC classes III e IV;
    • Câncer;
    • Quimioterapia.
  • Manifestações clínicas:
    • Dor;
    • Edema;
    • Sensação de peso;
    • Impotência funcional;
    • Hipersensibilidade local;
    • Hipertermia local;
    • Circulação colateral venosa superficial;
    • Cianose;
    • Dor na panturrilha à dorsiflexão passiva do pé (sinal de Homans).
  • Diagnósticos diferenciais:
    • Rotura muscular com hematoma (síndrome da pedrada);
    • Hemorragia espontânea ou hematoma;
    • Artrite, sinovite, miosite;
    • Erisipela, celulite, linfangite;
    • Rotura de cistos de Baker;
    • Linfedema, lipedema, varizes;
    • Compressão venosa extrínseca;
    • Anasarca, gravidez.
  • Evolução natural sem tratamento:
    1. TVP distal assintomática;
    2. TVP distal sintomática;
    3. TVP femoro-poplítea;
    4. TVP ilio-femoral;
    5. Phlegmasia alba dolens;
    6. Phlegmasia cerulea dolens;
    7. Gangrena venosa.
  • Tratamento em fase aguda:
    • Anticoagulação farmacológica;
    • Cuidados posturais:
      • Deambulação;
      • Drenagem postural (Trendelenbug);
    • Tratamento invasivo:
      • Trombectomia venosa;
      • Fibrinólise;
      • Interrupção de veia cava inferior.
  • Tratamento em fase tardia:
    • Anticoagulação oral;
    • Compressão elástica.

Tromboembolia pulmonar

  • Oclusão de vasos pulmonares após desprendimento de trombo originário de TVP, que nem sempre é sintomática.
  • Manifestações clínicas:
    • Dispneia;
    • Hemoptise;
    • Dor pleurítica;
    • Taquicardia;
    • TVP.
  • Propedêutica:
    • Gasometria;
    • RX;
    • ECG;
    • TC contrastada;
    • Cintilografia perfusiva;
    • Angiografia pulmonar;
    • Medição de pressão na artéria pulmonar e no ventrículo direito.
  • Outros tipos de embolia incluem:
    • Gordurosa;
    • Tumoral;
    • Por gases;
    • Do líquido amniótico;
    • Pulmonar séptica;
    • Do cateter.
  • Determinantes de gravidade:
    • Grau de obstrução da circulação pulmonar (tolerável até 50%, grave a partir de 75%);
    • Estado cardiopulmonar prévio;
    • Repetição dos episódios.
  • Tratamento (conforme gravidade):
    • Anticoagulação;
    • Fibrinólise;
    • Trombectomia.

Referência(s)

Aula do professor Renato Bráulio.


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