Complicações pós-operatórias urológicas: oligúria, retenção urinária, e infecção urinária

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Oligúria e lesão renal aguda

Oligúria é a redução do débito urinário para menos de 0,5 mL/k/h ou 400 mL/24 h. É muito comum, e o principal sinal de injúria renal. No entanto, costuma ser reversível, e não levar a lesão renal. No entanto, a lesão renal é potencialmente grave, e precisa ser diagnosticada e tratada (manutenção da perfusão renal e do volume intravascular).

Fatores de risco

  • Hospitalização (2-5%);
  • Pós-operatório (5-10%);
  • Idade;
  • Tabagismo;
  • Creatinina sérica basal elevada;
  • Diabetes melito;
  • Hemotransfusão;
  • Uso de vasoconstritores ou antiarrítmicos.

Estadiamento da lesão renal aguda

São necessárias 6 horas pra definir presença de oligúria.

1Aumento de 1,5-1,9x em 7 dias ou de 0,3 mg/dL em 48 h< 0,5 mL/kg/h por 6-12 h
3Aumento de 3x em 7 dias ou de 4 mg/dL em 48 h< 0,3 mL/kg/h por 24 h ou anúria por 12 h

Causas de oligúria

  • Pré-renais: redução da perfusão da arteríola aferente glomerular:
    • Hipotensão;
    • Hipovolemia;
  • Renais: necrose tubular aguda:
    • Isquemia;
    • Agentes nefrotóxicos;
  • Pós-renais: obstrução ao fluxo de urina além da pelve renal:
    • Interna: coágulos;
    • Externa:
      • Hiperplasia prostática;
      • Obstrução de cateter vesical.

Prevenção

  • Monitoramento hemodinâmico em todo o perioperatório;
  • Reposição volêmica adequada;
  • Evitar uso de agentes nefrotóxicos:
    • AINEs;
    • Aminoglicosídeos;
    • Meios de contraste radiológico.

Retenção urinária aguda

A retenção urinária crônica tem um longo período de evolução e é oligossintomática. Já a aguda, frequente em ambiente hospitalar (3,8% dos pacientes cirúrgicos), é uma urgência muito sintomática (dor abdominal). Ao exame físico, observa-se o bexigoma (volume na parede abdominal causado pela distensão da bexiga em retenções a partir de 500 mL).

Fatores de risco

  • Idade superior a 50 anos (2,4x);
  • Sexo masculino (2x);
  • Hiperplasia prostática benigna;
  • Doenças neurológicas;
  • Procedimentos cirúrgicos específicos:
    • Artroplastias (11-84%);
    • Operações anorretais (1-52%);
    • Herniorrafias (6-38%);
  • História de cirurgias pélvicas;
  • Uso de opioides no perioperatório;
  • Hiperdistensão da bexiga por volume de soro intravenoso infundido;
  • Anestesia espinhal.

Prevenção

  • Técnica anestésica adequada;
  • Analgesia adequada;
  • Cateterismo vesical;
  • Uso de alfabloqueadores (tansulosina, doxazosina).

Cateterismo vesical

Indicações

  • Monitorização do débito urinário:
    • Perioperatório;
    • Cardiopatas;
    • Nefropatas;
    • Pacientes em cuidados intensivos;
  • Prevenção e tratamento da retenção urinária aguda.

Tipos

  • Cateter vesical de alívio/de Nelaton;
  • Cateter vesical de demora/de Foley.

Técnica

  • Antissepsia e técnica estéril;
  • Lubrificação adequada (lidocaína gel);
  • Escolha do calibre e do material do cateter;
  • Técnica atraumática (correta insuflação do balonete).

Complicações

  • Relacionados à experiência do profissional;
  • Traumatismo uretral (falso trajeto, estenose);
  • ITU (1-2% no cateterismo de alívio, 10-20% no de demora);
  • Parafimose.

Prevenção de ITU

  • Assepsia;
  • Sistemas coletores de urina fechados, vedados em relação ao meio exterior, e mantidos abaixo do nível da cintura;
  • Manter cateter vesical pelo menor tempo necessário (cateterismo intermitente é preferencial);
  • Profilaxia antibiótica, antissépticos na bolsa coletora, troca rotineira do cateter, e exames laboratoriais em pacientes assintomáticos não estão indicados.

Abordagem de ITU

  • Em pacientes cateterizados, piúria, odor desagradável, e urina turva não são critérios de infecção;
  • Urocultura é obrigatória;
  • Cateter deve ser trocado antes da realização de exames;
  • Antibioticoterapia em pacientes de cistite simples está indicada por 7 dias, e por 14 dias em pacientes de pielonefrite.

Referência(s)

Aula do professor Daniel Xavier Lima.


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