Etiologia
Congênitas
- Cistos (1-10% das massas):
- Cisto dermoide/teratomas: linha média, na região submentoniana, de consistência elástica e indolor, com surgimento na infância;
- Rânula mergulhante: tumor cístico e indolor no assoalho da boca;
- Cisto tireoglosso: ao longo da linha média, móvel à deglutição;
- Cisto braquial: localizado nos níveis II e III, indolor, consistência elástica;
- Costela cervical: consistência óssea, localizada nos níveis IV e V, pode haver diminuição de pulsos radial e ulnar quando o paciente eleva o braço e faz a rotação contralateral da cabeça;
- Hemangioma: qualquer parte do pescoço, consistência borrachoide e compressível, pode aumentar de volume em resposta à manobra de Valsalva;
- Linfangioma: consistência borrachoide, às vezes translúcidos, presentes ao nascimento ou evoluem ao longo da infância.
Tumores
- De glândula salivar: assemelham-se a linfadenomegalias, localizam-se no ângulo da mandíbula (sempre suspeitar de massas nessa localização);
- Glômicos: nível II do pescoço (bifurcação da carótida), consistência firme, pulsáteis, móveis no sentido latero-lateral, mas não no craniocaudal, assintomáticos, unilaterais;
- Sarcomas: massas sólidas, firmes, indolores, de mobilidade variável (de acordo com o que estiverem infiltrando);
- Nervosos (mais frequentemente Schwanomas): massas únicas, consistência endurecida, localizados próximo aos últimos 4 pares de nervos cranianos ou às cadeias simpáticas e parassimpáticas;
- Hipertrofia do masseter: uni ou bilateral, diagnóstico diferencial com tumores de glândula salivar.
Alterações da tireoide
- Hiperplasias nodulares: consistência elástica e irregular, podendo estar presentes um ou mais nódulos;
- Carcinoma: consistência endurecida e indolor;
- Tireoidite crônica: glândula de tamanho variável, consistência firme, superfície irregular.
Massas cervicais “fisiológicas”
- Glândula submandibular: quase sempre palpável, às vezes assimétrica;
- Osso hioide: mais frequentemente o corno maior;
- Bulbo carotídeo: massa pulsátil lateral ao osso hioide;
- Músculo esternocleidomastoideo: segue o trajeto do músculo ao longo da região cervical;
- Músculo omohioideo: identificado no trígono posterior em pacientes magros.
Outras
- Divertículo de Zenker: massa de consistência cística, podendo-se auscultar ruídos hidroaéreos quando da deglutição e de sua mobilização lateral, localizada nos níveis II e III do pescoço, à esquerda e anteriormente ao músculo esternocleidomastoideo;
- Linfadenomegalias: infecciosas ou reacionais.
Epidemiologia
Frequência das afecções por idade:
- 0-15 anos:
- Inflamatória:
- Bacteriana;
- Viral;
- Granulomatosa;
- Congênita:
- Cisto tireoglosso;
- Cisto braquial;
- Lesão vascular;
- Cisto dermoide;
- Neoplásica:
- Linfoma;
- Carcinoma tireoidiano;
- Sarcoma.
- Inflamatória:
- 16-40 anos:
- Inflamatória:
- Viral;
- Bacteriana;
- Granulomatosa;
- HIV;
- Congênita:
- Cisto braquial;
- Cisto tireoglosso;
- Cisto dermoide;
- Neoplásica:
- Linfoma;
- Carcinoma tireoidiano;
- Salivar;
- Metastática;
- Vascular;
- Neurogênica.
- Inflamatória:
- 40+ anos:
- Neoplásica:
- Metastática;
- Carcinoma tireoidiano;
- Linfoma;
- Inflamatória:
- Viral;
- Bacteriana;
- Granulomatosa;
- AIDS;
- Congênita:
- Cisto braquial;
- Cisto tireoglosso.
- Neoplásica:
História clínica
- Dor (sugere inflamação);
- Febre;
- Disfagia;
- Dispneia;
- Disfonia;
- Sensação de corpo estranho na faringe;
- Rinorreia;
- Obstrução nasal;
- Odinofagia;
- Epistaxe.
Exame físico
- Oroscopia;
- Palpação da base da língua;
- Laringoscopia (especialmente pacientes maiores de 40 anos);
- Localização das lesões (segundo nomenclatura AJCC/UICC 1998 — Níveis I a VII).
Diagnóstico diferencial
Inflamatórios | Progressiva, assintomática | |
---|---|---|
Número | Múltiplos | Irregular |
Tamanho | < 2 cm | Apenas em casos avançados, com necrose linfonodal |
Celulite | Presente | Ausentes |
Fixação a tecidos vizinhos | Precoce | Tardia |
Sinais de alerta para neoplasia:
- Idade > 40 anos;
- Tabagismo e/ou etilismo;
- Disfagia;
- Otalgia ipsilateral;
- Úlcera oral ou faríngea;
- Disfonia recente;
- Perda da audição, obstrução nasal, ou epistaxe recentes;
- Perda de peso inexplicada;
- História de câncer de cabeça e pescoço;
- Massa indolor;
- Assimetria de amígdala;
- Lesões de pele.
Abaixo de 40 anos
- 90% das crianças entre 4-8 anos de idade tem linfonodos palpáveis.
- Em crianças:
- Linfadenomegalia cervical bilateral:
- Vírus respiratórios;
- Faringite estreptocócica;
- Linfadenomegalia cervical unilateral:
- Faringite estreptocócica;
- Faringite estafilocócica.
- Linfadenomegalia cervical bilateral:
- Em adultos jovens:
- Linfadenomegalia cervical aguda ou subaguda: buscar a causa, tratamento conservador;
- Linfadenomegalia cervical crônica (> 3 meses): sorologias, PAAF, ou biópsia:
- Epstein-Barr vírus;
- Citomegalovírus;
- HIV;
- Toxoplasmose;
- Bartonella.
Acima de 40 anos
- Objetivo primário de identificação do tumor primário que justifique a linfadenomegalia.
- Abordagem:
- Exame clínico minucioso;
- Pan-endoscopia;
- RX de tórax;
- Outros exames orientados pela clínica.
Exames complementares
Sempre orientados pela clínica:
- Lesões congênitas: diagnóstico clínico, USG cervical (preferencialmente) ou PAAF em casos duvidosos;
- Tumor de glândula salivar: USG e PAAF, biópsia aberta é terminantemente contraindicada;
- Tumores glômicos: PAAF é contraindicada, diagnóstico pode ser feito por USG com Doppler, TC contrastada, ou arteriografia (é também terapêutica);
- Nódulos tireoidianos: USG para guiar a PAAF e acompanhar nódulos, PAAF para diagnóstico citológico, cintilografia indicada caso haja hipertireoidismo, TC caso haja infiltração de outras estruturas ou bócio mergulhante;
- Linfadenomegalias inflamatórias ou infecciosas: hemograma, PCR, sorologias específicas, PAAF com culturas, RX de tórax;
- Linfadenomegalias metastáticas: exame clínico minucioso, PAAF, pan-endoscopia, RX de tórax, biópsia aberta é contraindicada;
- Massas cervicais “fisiológicas”: diagnóstico clínico, USG cervical (preferencialmente) em casos duvidosos;
- Divertículo de Zenker: estudo contrastado de esôfago, EDA.
Referência(s)
Aula do professor Alexandre de Andrade Sousa.