Resumo de geriatria: sarcopenia – causas, consequências, diagnóstico, e tratamento

a man pushing a wheelchair on the street
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A sarcopenia é uma doença muscular, marcada por diminuição da força associada à diminuição de qualidade ou quantidade de músculo. É fortemente associada ao envelhecimento e a fatores como inatividade física, desnutrição, e doenças catabólicas. Pode ser aguda ou crônica (duração ≥ 6 meses).

Causas

Pode ser primária ou secundária, sendo a primária mais prevalente em idosos, sem outras causas específicas evidentes.

Já a secundária está associada a:

  • Desnutrição (baixa ingestão de alimentos, deficiência de micronutriente, má absorção, anorexia);
  • Inatividade (repouso no leito, imobilidade, sedentarismo);
  • Iatrogenia (hospitalização, medicamentos);
  • Doenças (cardiorrespiratórias, oncológicas, neurológicas, endócrinas, osteoarticulares, hepáticas, renais).

Ambas têm como fisiopatologia o estresse oxidativo, que culmina em redução da síntese proteica, aumento da degradação proteica, alteração da integridade neuromuscular, e acréscimo de gordura no músculo.

Consequências

Representa risco aumentado de:

  • Quedas e fraturas;
  • Alterações de mobilidade;
  • Incapacidade em atividades cotidianas;
  • Doenças cardíacas e respiratórias.

Isso pode acarretar diminuição da qualidade de vida, limitações sociais, comprometimento cognitivo, perda de independência, necessidade de cuidados de longa duração, e até mesmo morte.

Epidemiologia

  • Prevalência extremamente variável:
    • Idosos de 60-70 anos: 5-13%;
    • Idosos de +80 anos: 11-50%;
    • Idosos na comunidade: 9-11%;
    • Idosos institucionalizados: 31-51%.
  • Valores oscilam conforme definições e métodos utilizados para diagnóstico.
  • Prevalência na população acima de 60 anos no Brasil:
    • Homens: 14,4%;
    • Mulheres: 16,1%.

Diagnóstico

1ª etapa

Casos suspeitos podem ser identificados pelo questionário SARC-CaIF ou pela apresentação clínica.

2ª etapa

A força é, idealmente, avaliada pela dinamômetros manual. Em sua ausência, realiza-se o teste de sentar e levantar da cadeira, que consiste em solicitar que o paciente, com seus braços cruzados, sente-se e levante-se da cadeira 5 vezes, em tempo cronometrado. Isso deve ser feito em até 15 segundos.

3ª etapa

Deve ser avaliada pela massa muscular esquelética apendicular (MMEA) ou pelo índice de massa muscular esquelética apendicular (IMMEA). Idealmente, isso é feito por exames como absorciometria de dupla energia por raios X (DEXA), análise de bioimpedância elétrica (BIA), TC, ou RM. Em sua ausência, pode ser estimada pela Equação de Lee.

4ª etapa

Solicitar ao paciente que caminhe por uma distância de 4 m para estimar sua velocidade de marcha. Existem, ainda, alguns outros testes, como time up and go test (TUGT) e short physical performance battery (SPPB).

Tratamento

Exercício

O padrão-ouro no tratamento da sarcopenia é o exercício resistido, nas seguintes especificações:

  • 80% do peso de repetição máxima (RM);
  • 2 exercícios para cada grande grupo muscular;
  • 3 séries por exercício;
  • 8-10 repetições por série;
  • 2-3x/semana;
  • Progressão de carga a cada 2 semanas.

Pacientes que não tolerem grande carga podem fazer os exercícios com um mínimo de 45% da RM, com maior número de séries e repetições.

Exercícios aeróbicos, embora não auxiliem na hipertrofia do músculo, são úteis por promover aumento da área transversal de fibras musculares e diminuição da gordura intramuscular.

Nutrição

As correções dietéticas mais importantes na sarcopenia são de ingestão proteica e ingestão calórica.

Pode ser adequada suplementação nutricional para idosos em que a ingesta calórica seja inferior a 70% das necessidades diárias, sendo mais comum para esse fim o uso da proteína do leite (whey protein). Individualiza-se a decisão de acrescentar creatina.

Devem ser investigadas, ainda, deficiências de micronutriente, sendo as mais comuns as de vitamina D e B12.

Hormônios

Em pacientes selecionados, hormônios de efeitos anabólicos (testosterona, estrogênio, cortisol, GH, IGF-1, grelina, insulina, ocitocina) podem ser úteis.

Referência(s)


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