A HAS é uma doença crônica não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos arteriais persistentemente elevados, em que os benefícios do tratamento superam os riscos.
Epidemiologia
Fatores de risco
- Genética;
- Idade ≥ 60 anos;
- Sexo masculino em jovens, feminino em idosos;
- Sobrepeso/Obesidade;
- Ingestão elevada de sódio (≥ 2 g/dia de sódio ou 5 g/dia de sal);
- Ingestão insuficiente de potássio (≤ 3,5-5 g/dia);
- Sedentarismo;
- Etilismo (≥ 30 g de álcool/dia);
- Baixo status socioeconômico;
- Apneia obstrutiva do sono (AOS);
- Uso de determinadas drogas, lícitas e ilícitas.
Medidas de prevenção primária
- Controle do peso (“ser ‘o mais magro possível’ dentro da faixa de normalidade do IMC”);
- Dieta DASH (diminuir gorduras e açúcares, aumentar alimentos ricos em fibras, potássio, magnésio, e cálcio);
- Dieta baixa em sódio e rica em potássio;
- Atividade física (150 min/semana de atividade moderada ou 75 min/semana de atividade vigorosa);
- Redução do consumo de álcool;
- Controle do estresse;
- Suspensão do tabagismo.
Consequências
- HAS é o principal fator de risco modificável para doenças cardiovasculares, doença renal crônica, e morte prematura.
- Associada à síndrome metabólica.
- Lesões em órgãos-alvo (LOA):
- Coração:
- Doença arterial coronária (DAC);
- Insuficiência cardíaca (IC);
- Fibrilação atrial (FA);
- Morte súbita;
- Cérebro:
- Acidente vascular encefálico (AVE);
- Demência;
- Rins: doença renal crônica (DRC);
- Artérias: doença arterial obstrutiva periférica (DAOP).
- Coração:
Diagnóstico
PA sistólica ≥ 140 mmHg e/ou PA diastólica ≥ 90 mmHg, medidas com a técnica correta, em pelo menos 2 ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva.
Classificação
PAS (mmHg) | PAD (mmHg) | ||
---|---|---|---|
PA ótima | < 120 | e | < 80 |
PA normal | 120-129 | e/ou | 80-84 |
Pré-hipertensão | 130-139 | e/ou | 85-89 |
HAS estágio 1 | 140-159 | e/ou | 90-99 |
HAS estágio 2 | 160-179 | e/ou | 100-109 |
HAS estágio 3 | ≥ 180 | e/ou | ≥ 110 |
Casos especiais
- HAS mascarada: PA apresenta-se normal no consultório, mas elevada quando medida fora dele;
- HAS de jaleco branco: PA apresenta-se elevada no consultório, mas normal quando medida fora dele;
- HAS sistólica/diastólica isolada: apenas a PAS ou a PAD estão acima dos valores de 140 e 90 mmHg respectivamente. Apresenta maior prevalência de HAS de jaleco branco.
Medida da PA em consultório
- Situações de medida:
- Deve ser medida em todos os adultos (≥ 18 anos);
- Deve ser inicialmente medida nos 2 braços (diferença > 15 mmHg entre os braços denota aumento do risco CV por aterosclerose). Nas medidas subsequentes, é medida no braço de maior PA;
- Na suspeita de HAS secundária à coarctação de aorta, deve ser medida também nos MMII;
- Deve ser medida em ortostatismo no 1º e 3º minutos em pacientes em risco de hipotensão ortostática (redução ≥ 20 mmHg na PAS ou ≥ 10 na PAD):
- Idosos;
- Diabéticos;
- Disautonômicos;
- Em uso de anti-hipertensivos.
- Antes de medi-la, deve-se certificar-se de que o paciente não:
- Esteja com a bexiga cheia;
- Tenha praticado exercícios físicos há menos de 60 min;
- Tenha ingerido álcool, café, ou alimentos nos últimos 60 min;
- Tenha fumado nos 30 min anteriores.
- Para medir a PA:
- Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço;
- Colocar o manguito, sem folgas, 2-3 cm acima da fossa cubital;
- Estimar o nível da PAS pela palpação do pulso radial, e desinsuflar o manguito;
- Inflar o manguito até 20-30 mmHg acima da PAS estimada pela palpação;
- Desinsuflar o manguito cerca de 2 mmHg/s;
- Auscultar a PAS (primeiro som/fase I de Korotkoff) e a PAD (desaparecimento dos sons/fase V de Korotkoff);
- Se os batimentos persistirem até o nível 0, determinar a PAD no abafamento dos sons/fase IV de Korotkoff e registrar valores como PASxPADx0.
Medida da PA fora do consultório
Automedida
Não obedece a protocolos específicos, não podendo ser incluída em recomendações.
Indicações para MAPA ou MRPA
- Suspeita de HAS de jaleco branco:
- HAS estágio 1 em consultório;
- Elevação acentuada de PA em ausência de LOA;
- Suspeita de HAS mascarada:
- Pré-hipertensão no consultório;
- PA normal em pacientes com LOA ou alto risco CV;
- Confirmação do diagnóstico de HAS resistente;
- Avaliação do controle da HAS em pacientes de alto risco CV;
- Pacientes com resposta exacerbada da PA ao exercício;
- Grande variabilidade de PA no consultório;
- Sintomas sugestivos de hipotensão durante o tratamento.
MAPA
- Trata-se de exame que mede a PA ao longo de 24 h, inclusive durante o sono;
- Valores são normalmente mais baixos, e o limiar de diagnóstico de HAS é:
- 24 h: ≥ 130×80 mmHg;
- PA diurna: ≥ 135×85 mmHg;
- PA noturna: ≥ 120×70 mmHg;
- Indicações específicas:
- Avaliação de HAS durante o sono (ex.: suspeita de HAS noturna, AOS, DRC, DM, HAS endócrina, disfunção autonômica);
- Investigação de HAS postural e pós-prandial.
MRPA
- Trata-se de medição domiciliar sistemática da PA, segundo protocolos específicos;
- Fornece valores mais reprodutíveis, estando relacionada à LOA.
HAS secundária
HAS secundária é ddecorrente de uma causa identificável que, quando tratada, determinará melhora do quadro clínico. Determina maior risco CV e, portanto, deverá ser investigada quando houver suspeita clínica.
Seguimento
Como é assintomática, a HAS deve ser avaliada em todos os atendimentos, que devem ser realizados em intervalos regulares (anuais).
Avaliação clínica
Anamnese
- Tempo de diagnóstico e tratamentos anti-hipertensivos instituídos previamente (medicamentos e doses);
- Sintomas indicativos de evolução da HAS ou LOA;
- História familiar para doença cadiovascular;
- Fatores de risco para doença cardiovascular e/ou DRC;
- Comorbidades;
- Uso de outros medicamentos ou drogas, lícitas ou ilícitas;
- Sintomas de possíveis causas secundárias de HAS.
Exame físico
- Medição da PA;
- Medição da FC;
- Sinais indicativos de evolução da HAS ou LOA;
- Sinais de possíveis causas secundárias de HAS;
- IMC;
- CA;
- Índice tornozelo-braquial (ITB);
- Exame da região cervical:
- Palpação e ausculta das artérias carótidas;
- Verificação de estase jugular;
- Palpação de tireoide;
- Ausculta e palpação do precórdio;
- Ausculta do tórax posterior;
- Exame das extremidades:
- Verificação de edemas;
- Palpação de pulsos;
- Palpação e ausculta abdominal;
- Verificar défices motores ou sensoriais ao exame neurológico;
- Fundoscopia (quando disponível).
Propedêutica complementar
Patologia clínica
- Glicemia;
- Potássio sérico;
- Ácido úrico sérico;
- Creatinina sérica e RFG;
- Urinálise;
- Perfil lipídico.
ECG
Deve ser feito de rotina.
Exames indicados a populações específicas
- RX de tórax: suspeita clínica de acometimento cardíaca e/ou pulmonar ou para a avaliação de hipertensos com acometimento de aorta em que o ecocardiograma não está disponível;
- Ecocardiograma: está indicado quando houver indícios de hipertrofia ventricular no eletrocardiograma ou em pacientes com suspeita clínica de IC, pois é mais sensível e específico em seu diagnóstico;
- Albuminuria ou relação proteinúria/creatininúria ou albuminúria/creatininúria: exame útil para os hipertensos diabéticos, com síndrome metabólica, ou com 2 ou mais fatores de risco;
- USG de carótidas: indicado na presença de sopro carotídeo, sinais de doença cerebrovascular, ou presença de doença aterosclerótica em outros territórios.
- USG renal, com ou sem Doppler: necessária em pacientes com massas abdominais ou sopro abdominal;
- HbA1c: indicada quando a glicemia de jejum for maior que 99 mg/dL e na presença de história familiar ou de diagnóstico prévio de DM2 e obesidade;
- Teste ergométrico: está indicado na suspeita de doença coronária estável, DM ou antecedente familiar para DAC;
- Velocidade da onda de pulso: quando disponível, indicada em hipertensos de baixo e médio risco, sendo um método útil para avaliação do dano vascular, podendo alterar a estratificação de risco;
- RM do cérebro: indicada em pacientes com distúrbios cognitivos e demência para detectar infartos silenciosos e micro-hemorragias.
Estratificação de risco cardiovascular
Conduta
- Sempre averiguar o risco global e o risco estratificado pela PA;
- Atuar na modificação dos fatores de risco, sempre que possível;
- Em pacientes de risco moderado, rastrear presença subclínica de fatores de risco considerados ausentes.
Fatores de risco englobados
- Presença de doença cardiovascular e/ou DRC grave estabelecidas;
- Presença de lesões em órgãos alvo;
- Sexo masculino;
- Idade > 55 anos no homem e > 65 anos na mulher;
- Doença cardiovascular prematura (idades supracitadas) em parentes de 1º grau;
- Tabagismo;
- Dislipidemia:
- Colesterol LDL ≥ 100 mg/dL; e/ou
- Colesterol não-HDL ≥ 130 mg/dL; e/ou
- Colesterol HDL ≤ 40 mg/dL no homem, ≤ 46 mg/dL na mulher;
- Triglicérides > 150 mg/dL;
- DM;
- Obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2);
- Pressão de pulso (PAS – PAD) > 65 mmHg.
Critérios para lesões em órgãos-alvo
- Retinopatia hipertensiva;
- Hipertrofia ventricular esquerda;
- ECG:
- Índice Sokolow-Lyon ≥ 35 mm;
- RaVL > 11 mm;
- Cornell voltagem > 2440 mm.ms ou Cornell índice > 28 mm em homens e > 20 mm em mulheres;
- ECO: IMVE ≥ 116 g/m2 em homens ou ≥ 96 g/m2 em mulheres;
- ITB < 0,9;
- DRC estágio 3:
- RFG 30-60 mL/min/1,73 m2;
- Albuminúria 30-300 mg/24 h ou relação albuminúria/creatininúria 30-300 mg/g;
- Velocidade de onda de pulso carótido-femoral > 10 m/s.
Doenças cardiovasculares englobadas
- AVE;
- Angina;
- IAM;
- Isquemia miocárdica silenciosa;
- Cirurgia de revascularização miocárdica ou intervenção coronariana prévias;
- IC;
- FA;
- DAOP;
- Doenças da aorta.
Estratificação de risco cardiovascular conforme a PA
Pré-HAS PAS 130-139 PAD 85-89 | Estágio 1 PAS 140-159 PAD 90-99 | Estágio 2 PAS 160-179 PAD 100-109 | Estágio 3 PAS > 180 PAD >110 | |
S/ fatores de risco | S/ risco adicional | Risco baixo | Risco moderado | Risco alto |
1-2 fatores de risco | Risco baixo | Risco moderado | Risco alto | Risco alto |
≥ 3 fatores de risco | Risco moderado | Risco alto | Risco alto | Risco alto |
LOA, doença cardiovascular | Risco alto | Risco alto | Risco alto | Risco alto |
Estratificação de risco cardiovascular global
Deve ser feita avaliação anual do risco cardiovascular em 10 anos, segundo escores como Framingham (ERG), ASCVD Risk Estimator Plus (AHA/ACC), e/ou SCORE2. As sociedades divergem quanto à melhor forma de mensurar o risco e reduzí-lo:
Tratamento
Metas terapêuticas
As metas dependem da estratificação de risco do paciente conforme sua PA. Via de regra: valores entre 120×70 e 140×90 mmHg, podendo chegar a valores inferiores a 130×80 mmHg em pacientes jovens e sem muitos fatores de risco.
- Pacientes de baixo a moderado risco: embora os benefícios do tratamento estejam menos bem estabelecidos, sugere-se níveis pressóricos abaixo de 140×90 mmHg e próximos a 120×80 mmHg (se tolerado);
- Pacientes com DAC: 120×70 a 130×80 mmHg, com cautela na redução da PAD até em pacientes com evidência de isquemia miocárdica e na da PAS em pacientes com elevada pressão de pulso;
- Pacientes com história de AVE: PAS entre 120 e 130 mmHg, evitando valores abaixo de 120×70 mmHg;
- Pacientes com IC: 120×70 a 130×80 mmHg;
- Pacientes com DRC: inferior a 130×80 mmHg, com cautela e monitorização sistemática da evolução da PA, das anormalidades eletrolíticas, e do RFG;
- Pacientes diabéticos: 120×70 a 130×80 mmHg, considerando que a polifarmácia pode causar maiores efeitos adversos, e que a hipertensão mascarada pode ser comum em diabéticos;
- Pacientes idosos: é consistente a recomendação de níveis inferiores a 150×90 mmHg, mas o tratamento mais intensivo (124×62 a 135×67 mmHg), apesar de benéfico do ponto de vista da mortalidade CV, precisa ser pesado contra o maior risco de quedas e de deterioração da função renal.
Medidas não farmacológicas
- Cessação do tabagismo: embora não haja estudos demonstrando efeito benéfico do tabagismo sobre a redução da PA, o tabagismo é um fator de risco CV adicional, eleva temporariamente a PA, e provoca outros males à saúde;
- Alimentação: a dieta DASH é capaz de reduzir a PA, sendo seu efeito atribuído a maior consumo de frutas, hortaliças, laticínios com baixo teor de gordura, cereais integrais, consumo moderado de oleaginosas, e redução no consumo de gorduras, doces, bebidas açucaradas, e carnes vermelhas;
- Sódio dietético: a ingestão habitual de sódio da população é de 4 g/dia, sendo a recomendada (para normo e hipertensos) 2 g/dia. Em geral, carnes processadas, enlatados, queijos amarelos, temperos prontos, e lanches industrializados são ricos em sódio. A substituição de sal à base de cloreto de sódio por sais com baixo teor de sódio e elevado de potássio tem efeito hipotensor;
- Cafeína: embora gere elevação aguda da PA, o indivíduo se torna progressivamente tolerante, e o café tem compostos benéficos. Porém, na ausência de evidências robustas, recomenda-se que o consumo diário seja inferior a 200 mg de cafeína;
- Perda de peso: a relação entre PA e obesidade é praticamente linear, de modo que, mesmo que o indivíduo não atinja seu peso ideal, a perda ponderal poderá reduzí-la. Idealmente, o indivíduo deverá ter:
- IMC < 25 kg/m2;
- Circunferência abdominal (CA):
- < 90 em homens;
- < 80 em mulheres;
- Etilismo: deve ser limitado a 2 doses ao dia, ou 30 g de álcool (1 garrafa de cerveja, 2 taças de vinho, ou 1 dose de destilados), e reduzido à metade disso em homens de baixo peso, mulheres, indivíduos com sobrepeso, ou indivíduos com hipertrigliceridemia. Indivíduos abstêmios não devem começar a ingerir bebida alcoólica;
- Atividade e exercício físico: a atividade física é definida como aquela com dispêndio energético ≥ 1,5 MET, e o exercício como a atividade física estruturada. Qualquer atividade física é benéfica, mas o maior benefício decorre de exercíco físico combinando aeróbico e anaeróbico. Em pacientes de risco moderado a alto, é ideal realizar avaliação física prévia. O treinamento não deve ser realizado caso a PA esteja superior a 160×105 mmHg, e indivíduos com HAS hiperreativa devem monitorar a PA ao longo do exercício, interrompendo-o caso esta supere 180×105 mmHg.
Medidas farmacológicas
Princípios gerais do tratamento
- Utilizar o fármaco por um mínimo de 4 semanas antes de fazer modificações, salvo em situações especiais;
- Não realizar administração noturna de anti-hipertensivos, salvo em situações especiais;
- Na combinação de medicamentos, combina-se aqueles de classes distintas, com exceção à combinação de diuréticos tiazídicos e diuréticos poupadores de potássio.
Diuréticos
- Mecanismo de ação: diminuição do volume circulante e do volume extracelular, natriurese.
- Subclasses:
- Tiazídicos (hidroclorotiazida);
- Similares a tiazídicos (clortalidona, indapamida);
- De alça (furosemida, bumetanida);
- Poupadores de potássio (espironolactona, amilorida).
- Tiazídicos e similares são mais bem tolerados (sendo os similares mais potentes), devendo os poupadores de potássio ser reservados a HAS refratária e os diuréticos de alça a condições clínicas com retenção de sódio e água (DRC, IC, síndrome nefrítica).
- Efeitos adversos:
- Fraqueza;
- Cãibras;
- Hipovolemia;
- Disfunção erétil;
- Hipopotassemia e/ou hipomagnesemia (predispõe a arritmias ventriculares e redução da liberação de insulina);
- Aumento de ácido úrico.
- Efeito antihipertensivo não é diretamente dose-dependente, mas efeitos colateais o são.
Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC)
- Mecanismo de ação: diminuem a disponibilidade de cálcio no interior das células, dificultando a contração muscular e, consequentemente, diminuindo a resistência vascular periférica por vasodilatação.
- Subclasses:
- Di-hidropiridínicos (anlodipino, nifedipino, felodipino, manidipino, levanlodipino, lercanidipino, lacidipino): mínima interferência na FC e na função sistólica;
- Não di-hidropiridínicos (verapamila, diltiazem): reduzem a FC, são antiarrítmicos, e podem deprimir a função sistólica;
- Efeitos adversos:
- Edema maleolar;
- Rubor facial;
- Dermatite ocre;
- Hipertrofia gengival.
- BCC de ação prolongada são preferíveis, pois mantêm mais estável a PA.
Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA)
- Mecanismo de ação: inibem a ECA, responsável pela conversão angiotensina I → angiotensina II e pela tedução da degradação de bradicinina. Causam, assim, vasodilatação.
- Representantes: -pril (ex.: enalapril, captopril).
- Efeitos adversos:
- Tosse seca;
- Edema angioneurótico;
- Erupção cutânea;
- Piora inicial da função renal, que, caso limitada a 30%, é, na verdade, protetora para DRC;
- Hiperpotassemia (pacientes com DRC, sobretudo diabéticos).
Bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA)
- Mecanismo de ação: inibem diretamenta a ação da angiotensina II.
- Representantes: -tana (ex.: valsartana, losartana).
- Efeitos adversos:
- Piora inicial da função renal, que, caso limitada a 30%, é, na verdade, protetora para DRC;
- Hiperpotassemia (pacientes com DRC, sobretudo diabéticos).
Betabloqueadores (BB)
- Mecanismo de ação: diminuição do débito cardíaco, da secreção de renina, e das catecolaminas em sinapses nervosas; readaptação de barorreceptores.
- Subclasses:
- Não seletivos (propranolol, nadolol, pindolol);
- Cardiosseletivos (receptores beta-1) (atenolol, metoprolol, bisoprolol, nebivolol);
- Vasodilatadores (carvedilol, nebivolol).
- Efeitos adversos:
- Broncoespasmo;
- Bradicardia;
- Distúrbios de condução atrioventricular;
- Vasoconstrição periférica;
- Insônia;
- Pesadelos;
- Depressão;
- Astenia;
- Disfunção sexual;
- Intolerância à glicose;
- Hipertrigliceridemia, elevação do cLDL, diminuição do cHDL.
- Contraindicações:
- DPOC;
- Asma;
- Bloqueio atrioventricular de 2º-3º grau.
- São a primeira escolha apenas em casos selecionados:
- DAC;
- IC;
- Necessidade de controle da FC.
- Embora eficazes em comparação ao placebo, são menos eficazes que outros anti-hipertensivos na prevenção de AVE.
Simpatolíticos de ação central
- Mecanismo de ação: estímulo de receptores alfa-2 envolvidos na inibição simpática. Diminuem, ainda, o reflexo dos barorreceptores.
- Representantes: metildopa, clonidina, rilmenidina.
- Efeitos adversos:
- Reações autoimunes, galactorreia (metildopa);
- Efeito rebote após retirada (clonidina);
- Sonolência;
- Sedação;
- Boca seca;
- Fadiga;
- Hipotensão ortostática;
- Disfunção erétil.
- Uso restrito a HAS refratária ou situações específicas (ex.: metildopa na gravidez, clonidina na retirada de opioides).
Alfabloqueadores
- Mecanismo de ação: antagonismo competitivo de receptores alfa-1, reduzindo a resistência vascular periférica sem alterar o débito cardíaco.
- Representantes: doxazosina, prazosina.
- Efeitos adversos:
- Hipotensão ortostática;
- Tolerância;
- Incontinência urinária (mulheres).
- Seu efeito é modesto quando em monoterapia.
Vasodilatadores diretos
- Representantes: minoxidil, hidralazina.
- Efeitos adversos:
- Retenção de sódio e água;
- Taquicardia reflexa;
- Anorexia, náusea, vômito, diarreia;
- Hirsutismo (minoxidil).
Inibidores diretos da renina
- Representante: alisquireno.
- Efeitos adversos:
- Rash cutâneo;
- Diarreia;
- Aumento de CPK.
- Benéfico na redução da PA e da proteinúria em pacientes com DRC, mas não há evidências de benefício sobre morbimortalidade.
Crise hipertensiva
Tratam-se de elevações agudas da PA acima de PAS ≥ 180 mmHg e/ou PAD ≥ 120 mmHg.
Classificação
- Pseudocrise hipertensiva: elevação aguda da PA, com ou sem fator desencadeante (ex.: eventos emocionais, dores), assintomática e sem LOA aguda ou risco imediato de morte;
- Urgência hipertensiva: elevação aguda e sintomática da PA, sem LOA aguda ou risco imediato de morte;
- Emergência hipertensiva: elevação aguda e sintomática da PA, com LOA aguda e progressiva e/ou risco imediato de morte.
Avaliação clínica
- A PA deve ser medida nos dois braços, preferencialmente num ambiente calmo. Devem ser feitas, no mínimo, 3 medidas, até sua estabilização.
- O paciente deve ser interrogado sobre sua PA habitual, e situações que possam elevá-la (ex.: descontinuação de medicamentos antihipertensivos, uso de substâncias psicoativas).
Tratamento
- Após afastada a possibilidade de pseudocrise hipertensiva (tratada com analgésicos e/ou ansiolíticos), pode-se tratar a urgência hipertensiva com:
- Captopril 25-50 mg (pico de ação: 60-90 min);
- Clonidina (pico de ação: 30-60 min).
- O uso de nifedipina é contraindicado.
- Na emergência hipertensiva, o paciente deve ser admitido para a UTI, e o manejo específico é dependente da síndrome (ex.: hipertensão maligna, AVE, eclâmpsia, etc) apresentada pelo paciente.
- Objetivos de redução da PA em emergências hipertensivas:
- PA média deve reduzir 25% na 1ª hora;
- PA deve manter-se 160×100-110 mmHg nas próximas 2-6 h;
- PA deve manter-se 135×85 mmHg nas 24-48 h subsequentes.
Referência(s)
- ARNETT, Donna K; BLUMENTHAL, Roger S; ALBERT, Michelle A; et al. 2019 ACC/AHA Guideline on the Primary Prevention of Cardiovascular Disease: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. Circulation, v. 140, n. 11, 2019. Disponível em: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIR.0000000000000678#d1e703. Acesso em: 25 abr. 2023.
- BARROSO, et al.. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq. Bras. Cardiol., v. 116, n. 3, p. 516-658, mar. 2021;
- FRANK L.J. VISSEREN; MACH, François; SMULDERS, Yvo M; et al. 2021 ESC Guidelines on cardiovascular disease prevention in clinical practice. European Heart Journal, v. 42, n. 34, p. 3227–3337, 2021. Disponível em: https://academic.oup.com/eurheartj/article/42/34/3227/6358713?login=false#371852138. Acesso em: 25 abr. 2023.