Dificuldade escolar: como abordar em pediatria

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A educação tem grande impacto sobre a saúde e as condições socioeconômicas, sendo importante, assim, abordar potenciais impeditivos a ela.

Escolarização e da alfabetização

Tratam-se de processos complexos, que envolvem habilidades cujo desenvolvimento inicia-se nos primeiros anos de vida, como as habilidades:

  • Perceptivas (auditivas e visuais);
  • Linguísticas (compreensivas e expressivas);
  • Cognitivas;
  • Motoras (grossas e finas);
  • Socioemocionais, comportamentais, e motivacionais.

Atraso do neurodesenvolvimento

Têm prevalência de 15-20% na população de 0-6 anos, mas apenas 25% dos casos são detectados antes do início da escolarização, pois esta evidencia dificuldades, outrora sutis, por meio do aumento gradual das exigências de competências.

Causas do baixo desempenho acadêmico

Podem ser múltiplas e concomitante. Incluem:

  • Extrínsecas:
    • Pedagógicas;
    • Sociais.
  • Intrínsecas:
    • Transtornos do neurodesenvolvimento;
    • Outras condições de saúde.

Anamnese

  • Precisa envolver a criança, a família, outros cuidadores, e o profissional de educação.
  • Entender a queixa:
    • Dificuldades e prejuízos;
    • Pontos fortes da criança;
    • Comportamento;
    • Situação emocional;
    • Bullying;
    • Histórico escolar:
      • Desempenho;
      • Frequência;
      • Ocorrências;
      • Trocas de escola;
      • Repetência.
    • Entender o enfrentamento da criança diante do baixo rendimento:
      • Desmotivação;
      • Queda na autoestima;
      • Queda na autoconfiança.
  • Investigar:
    • Rotina da criança;
    • Atividades de vida diária;
    • Tempo de tela;
    • Sono (quantidade e qualidade);
    • Fatores de risco.
  • Triagem para TDAH:

Fatores de risco

  • Biológicos:
    • História familiar positiva para dislexia e/ou TDAH;
    • Exposição fetal a nicotina, álcool, e/ou drogas ilícitas;
    • Insultos no período pré e perinatal;
    • Baixo peso (< 2500 g) ao nascimento;
    • Prematuridade (< 37 semanas);
    • Doenças crônicas:
      • Desnutrição;
      • DM tipo 1;
      • Apneia do sono;
      • Respiração oral;
      • Anemia falciforme;
      • Neurofibromatose;
      • Esclerose tuberosa;
      • Epilepsia.
  • Psicossociais:
    • Vulnerabilidade socioeconômica;
    • Famílias conflituosas;
    • Pais/Cuidadores com baixo nível de instrução;
    • Ambiente pouco estimulador;
    • Instrução pedagóogica inadequada:
      • Exigências incompatíveis com maturação neurológica;
      • Professores pouco capacitados;
      • Metodologias pedagógicas sem embasamento científico.

Transtornos do neurodesenvolvimento

Transtornos específicos de aprendizagem (TEAp)

  • Transtorno do neurodesenvolvimento marcado por dificuldade de desenvolvimento de determinadas habilidades acadêmicas, que persiste após intervenção adequada.
  • Não há comprometimento do desenvolvimento fora do âmbito acadêmico.
  • Diagnóstico é clínico.
  • Pode ser exacerbado, mas não causado, por problemas emocionais.
  • Dificuldades não são transitórias, mas contínuas.
  • Um sintoma único não fecha diagnóstico.

Dislexia

  • Déficit fonológico inesperado em relação às condições educativas e cognitivas.
  • Fortemente herdável.
  • Dificuldades com habilidades relacionadas à linguagem esqcrita:
    • Decodificação (associação entre texto e som, relacionada à consciência fonológica, ou seja, a capacidade de identificar os componentes fonológicos da linguagem falada);
    • Fluência (leitura com acurácia e velocidade adequadas);
    • Compreensão (relacionada à fluência e ao domínio do vocabulário da língua).
  • Inabilidade de ler e compreender é um dos maiores entraves à escolarização.

Discalculia

Dificuldade específica à matemática.

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

  • Forte herança genética (76% de herdabilidade).
  • Prevalência estimada:
    • 5-9% em escolares;
    • 3-5% em adultos.
  • Transtorno do desenvolvimento mais comum.
  • Marcado por sinais de impulsividade, desatenção, e hiperatividade incompatíveis com a idade, surgidos antes dos 12 anos.
  • Apresentações (não são estáticas no paciente):
    • Predominantemente desatenta;
    • Predominantemente hiperativa-impulsiva;
    • Combinada.
  • Traz prejuízos sociais e/ou acadêmicos que variam ao longo da vida.
  • Diagnóstico é clínico.
  • Pode ser exacerbado, mas não causado, por problemas emocionais.
  • Dificuldades não são transitórias, mas contínuas.
  • Um sintoma único não fecha diagnóstico.

Diagnóstico diferencial

Condições que mimetizam problemas de aprendizagem:

  • Déficits sensoriais (visão e/ou audição);
  • Distúrbios de sono;
  • Anemia;
  • Disfunção de tireoide;
  • DM;
  • Deficiência intelectual;
  • Ansiedade;
  • Depressão.

Papel do profissional da saúde

  • Desmistificar a queixa e eventuais diagnósticos;
  • Reiterar a importância da educação;
  • Informar;
  • Dar suporte à criança e à família;
  • Adotar intervenções e avaliar seu sucesso.

Referência(s)

Aula da professora Cláudia Machado Siqueira.


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