Resumo de pediatria – Asma: fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico, e tratamento

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A asma é uma doença inflamatória crônica e heterogênea das vias aéreas inferiores. A etiologia é multifatorial, e são múltiplos os desencadeantes. Sua ocorrência, frequência, e intensidade são variáveis ao longo do tempo.

Etiologia

É causada pela interação entre fatores:

  • Intrínsecos:
    • Genética;
    • Sexo;
    • Obesidade;
    • Prematuridade;
    • Baixo peso ao nascimento;
  • Ambientais:
    • Alérgenos;
    • Microbioma;
    • Infecções respiratórias;
    • Exposição ao tabaco;
    • Poluição;
    • Dieta;
    • Estresse.

Fisiopatologia

A inflamação crônica das vias aéreas inferiores causa broncoconstrição, espessamento das paredes brônquicas, e aumento da secreção de muco, levando a uma limitação variável ao fluxo aéreo, especialmente expiratório.

Epidemiologia

  • Importante causa de inatividade física, absenteísmo escolar, e hospitalização.
  • No Brasil:
    • Acomete 20% das crianças em idade escolar;
    • Provoca 113 342 internações ao ano;
    • Tem mortalidade de 0,85-1,72/100 000 habitantes.

Quadro clínico

Lactentes

50% das crianças menores de 3 anos irão sibilar pelo menos uma vez, e apenas 1/3 desses virá a desenvolver asma. Identifica-se aqueles que estão em maior risco pelo Índice Clínico para o Risco de Asma no Lactente, que possui como critérios:

  • Sibilância recorrente (3 episódios em 6 meses), e;
  • 2 critérios maiores, ou 1 critério maior e 2 menores, sendo:
    • Critérios maiores:
      • Um dos pais com asma;
      • Diagnóstico de dermatite atópica;
    • Critérios menores:
      • Diagnóstico de rinite;
      • Sibilância não associada apenas a resfriados;
      • Eosinofilia ≥ 4%.

Entretanto, os fenótipos são mutáveis ao longo do tempo, devendo a criança ser acompanhada longitudinalmente. Os episódios de sibilância podem cessar, podem apresentar novos desencadeantes, podem deixar de ser desencadeados pelos antigos desencadeantes, entre outros.

Pré-escolares

  • Tosse;
  • Sibilância recorrente;
  • Dificuldade respiratória, especialmente em atividades físicas;
  • Um dos pais com asma;
  • Dermatite ou rinite atópica;
  • Teste terapêutico positivo com baixa dose de corticoide inalatório.

Escolares

  • Sintomas recorrentes:
    • Tosse;
    • Chieira;
  • Múltiplos desencadeantes:
    • Alérgenos;
    • Irritantes;
    • Inversão climática;
    • Estresse emocional;
    • Atividades físicas;
  • Melhora com broncodilatador;
  • Exame físico pode estar normal, ou apresentar:
    • Sibilos;
    • Sinais de atopia;
  • Exames complementares:
    • Velocidade de fluxo respiratório: disponível no próprio consultório em vários centros de saúde;
    • Espirometria: melhora da FEV1 após uso de broncodilatador.

Diagnóstico diferencial

Fatores moduladores da probabilidade clínica

Aumentam a chance de asma

  • Sibilância;
  • Dispneia;
  • Tosse;
  • Dor torácica;
  • Piora à noite ou pela manhã;
  • Variação ao longo do tempo;
  • Múltiplos desencadeantes.

Diminuem a chance de asma

  • Tosse isolada;
  • Expectoração purulenta;
  • Falta de ar acompanhada de tontura ou formigamento;
  • Estridor durante exercício;
  • Início neonatal;
  • Vômitos e/ou disfagia;
  • Sintomas pulmonares focais.

Diagnósticos diferenciais por faixa etária

Recém-nascido

  • Displasia broncopulmonar;
  • Anomalias congênitas da via aérea:
    • Laringomalácia grave;
    • Paraliisia das cordas vocais;
  • Anel vascular (duplo arco aórtico).

Lactente < 1 ano

  • Anomalias congênitas:
    • Subclávia anômala;
    • Enfisema lobar congênito;
  • Bronquiolite viral;
  • Síndromes aspirativas;
  • Insuficiência cardíaca.

Lactente ≥ 1 ano

  • Sibilo pós bronquiolite viral;
  • Fibrose cística;
  • Síndromes aspirativas;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Anomalias congênitas das vias aéreas.

Pré-escolar

  • Aspiração de corpo estranho;
  • Fibrose cística;
  • Imunodeficiência;
  • Discinesia ciliar;
  • Deficiência de alfa-1-antitripsina;
  • Tumores mediastinais:
    • Linfomas;
    • Neuroblastoma;
    • Ganglioneuroma;
    • Teratomas;
    • Adenoma brônquico;
  • Tosse psicogênica;
  • Disfunção das cordas vocais.

Controle de sintomas

O controle da asma é determinado pela interação entre genética, processo inflamatório, tratamento, meio ambiente, e fatores psicossociais, e é variável ao longo do tempo.

Para avaliá-lo, considera-se se, nas últimas semanas, houve:

  • Sintomas diurnos mais de 2x/semana;
  • Despertar noturno por asma (ou tosse noturna em ≤ 5 anos);
  • Medicação de alívio (beta-agonista) mais de 2x/semana (1x basta em ≤ 5 anos);
  • Limitação para atividade física.

A asma é considerada:

  • Bem controlada: não há respostas positivas;
  • Parcialmente controlada: 1-2 respostas positivas;
  • Não controlada:3-4 respostas positivas.

Gravidade da doença

Trata-se da quantidade de medicamentos necessária para atingir o controle da asma, que é característica intrínseca da doença, alterando-se lentamente com o tempo. Pode ser:

  • Leve: bem controlada nos steps 1 ou 2;
  • Moderada: bem controlada no step 3;
  • Grave: requer steps 4 ou 5.

Tratamento

Objetivos

  • Atingir e manter o controle da asma;
  • Promover desenvolvimento pulmonar saudável;
  • Manter atividade normal da criança;
  • Minimizar o uso de medicação;
  • Evitar efeitos adversos do tratamento.

Farmacoterapia

É necessário escolher droga, dosagem, e dispositivo inalatório segundo:

  • Avaliação clínica;
  • Fatores de risco para exacerbações;
  • Capacidade de uso correto do dispositivo;
  • Custo;
  • Preferência do paciente;
  • Disponibilidade do medicamento.

Drogas

Fonte.

Em exacerbações agudas, caso não haja resposta com beta agonistas, o paciente deve ser encaminhado à urgência para oxigenioterapia.

Dispositivos inalatórios

  • Inalador com máscara: < 4 anos;
  • Espaçador com bucal: 4-8 anos;
  • Inalador: > 8 anos.

Tratamento da exacerbação aguda

Fonte.

Referência(s)

Aulas das professoras Cláudia Ribeiro de Andrade e Mônica Versiani Nunes Pinheiro de Queiroz.


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