Resumo de semiologia pediátrica: sistema respiratório

a doctor checking his patient
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Sintomas gerais

Alterações da frequência respiratória

Aumento da frequência respiratória aparece na insuficiência cardíaca congestiva (ICC). A diminuição, por sua vez, embora possa aparecer na ICC, está presente também na hipertricose.

Dispneia

  • Pode ser referida pelo paciente ou observada no exame físico. Caso surja após esforço físico, é fisiológica, possuindo significado patológico quando surge com o paciente em repouso.
  • Sugere uma combinação de fatores que incluem aumento da resistência das vias respiratórias, diminuição da elasticidade pulmonar, e aumento do trabalho respiratório.
  • Classifica-se como:
    • Inspiratória → Comprometimento laríngeo. Quando acompanhada de estridor, sugere laringite;
    • Expiratória → Comprometimento brônquico. Quando acompanhada de sibilância, sugere asma;
    • Mista.
  • Condições causadoras incluem infecção viral, insuficiência cardíaca, pneumotórax, e pneumonias.

Tosse

  • Ocorre em múltiplas afecções, como amigdalite, rinofaringite, sinusite, aspiração de corpo estranho, laringite, pneumonia, e condições psicossomáticas.
  • Classificação básica:
    • Seca, irritante, inútil, ou improdutiva;
    • Úmida, útil, ou produtiva.
      • A secreção pode ser mucoide, mucopurulenta, ou purulenta.
  • Características da tosse em diferentes afecções:
    • Alergia respiratória → Noturna, pouco produtiva;
    • Bronquiectasia → Matutina, produtiva;
    • Edema de laringe → Rouca, afônica;
    • Laringite → Estridente, rouca, “tosse canina”;
    • Paralisia de cordas vocais → Grave, rouca, “tosse bovina”.
  • Tosse emetizante é aquela que provoca vômito. É comum em algumas viroses (ex.: coqueluche), aneurisma de aorta, e tumores do mediastino.

Sibilância (chiado)

  • Som produzido pela passagem de ar por mecanismo valvular.
  • Classifica-se como:
    • Monofônico → Espasmo brônquico (asma);
    • Polifônico → Bronquite aguda, bronquiectasia.
  • Pode ser audível com ou sem o estetoscópio, sendo que esse último caso ocorre em crises de asma. Na realidade, caso a crise seja muito grave, pode não haver sibilo, pois a obstrução brônquica impede formação de fluxo aéreo turbilhonar.

Exame físico do tórax

O exame do tórax anterior é realizado com o paciente em decúbito dorsal, e o exame do tórax posterior é realizado com o paciente sentado com boa postura. Lactentes podem ser examinados no colo de seus acompanhantes.

Inspeção

Etapa da inspeçãoAchados patológicosPeito de pomboRaquitismo, asma grave
Em sinoCostelas horizontalizadas, tórax arredondadoDoenças obstrutivas (fibrose cística, asma grave)
Em funilLactentes prematuros nos primeiros meses de vida
Rosário raquíticoArticulação condrocostal saliente e angular, devido à subluxação provocada pelo deslocamento posterior do esternoEscorbuto
AbaulamentosAtelectasia unilateral
Tipos respiratóriosNasalHipertrofia das adenoides
AbdominalFisiológico entre o 3º e o 7º anos de vida
TorácicoDispneia suspirosaRitmo entrecortado por inspiração profunda, às vezes com ruído laríngeoDistonia neurovegetativa, pode ser fisiológica em adolescentes
Ritmo de Cheyne-StockesFases de apneia e hiperpneia crescente e decrescenteAlterações no fluxo efetivo circulatório nos centros respiratórios do SNC
Ritmo de BiotIrregularidade de intervalos, amplitude, e apneiasGrave sofrimento cerebral
Pausas respiratóriasSe menores que 10 segundos, são fisiológicas até os 3 meses de idade
Amplitude respiratóriaRespiração profundaFebre, anemia grave, acidose metabólica, pneumonia
TiragemRetração inspiratória do tórax que ocorre na obstrução parcial das vias respiratóriasPrematuridade (intercostal), pneumonia (subcostal, intercostal)

Palpação

Expansibilidade torácica

“Colocando as mãos lateralmente, em ambos os lados da caixa torácica, durante os movimentos respiratórios regulares e profundos, pode-se perceber se a expansibilidade do tórax está simétrica” (Martins, 2010). Essa manobra não pode ser feita em crianças muito jovens, pois o tórax costuma ser maior que as mãos espalmadas do examinador.

Frêmito toracovocal (FTV)

É a sensação de vibração da parede torácica durante a fala. Pode ser avaliada solicitando que a criança pronuncie “33”. Em crianças menores, pode ser necessário fazer a avaliação durante o choro.

O frêmito é melhor transmitido em meios sólidos e líquidos que em meios gasosos. Portanto, FTV aumentado indica consolidação, enquanto FTV diminuído pode ocorrer por obstrução, pneumotórax, enfisema, cavitação, atelectasia e outras condições que aumentem o volume de ar nos alvéolos.

Percussão

Deve-se percutir a face posterior do tórax em seus pontos de ausculta, produzindo som levemente timpânico, descrito como “som claro pulmonar”. Assim, situações de consolidação causarão som submaciço, e derrame pleural som maciço. A hipersonoridade e o timpanismo, por sua vez, estarão presentes no enfisema, na atelectasia, e no pneumotórax.

Ausculta

  • Deve ser simétrica, enfatizando locais de anormalidade e verificação de simetria. Os pontos de ausculta são os seguintes:
  • Em lactentes, pode-se auscultar o momento do choro. Já crianças maiores podem inspirar e expirar profundamente durante o exame, ou repetir expressões como “33”.
  • O murmúrio vesicular (MV) fisiológico, na criança, é mais agudo e forte que no adulto. No parênquima, o som é vesicular, laminar. Já na traqueia e nos brônquios, é brônquico, mais ruidoso e turbulento.
  • Os sons respiratórios estão aumentados nas mesmas situações em que a percussão é mais timpânica (exceto no enfisema), e reduzidos nas mesmas situações em que ela é mais maciça.
  • Chamam-se ruídos adventícios os sons anormais que podem ser auscultados. Alguns deles são:
    • Sibilos: sons musicais, contínuos, difusos, produzidos por estreitamento ou obstrução das vias aéreas;
    • Estridor: sons musicais inspiratórios, localizados, produzidos por estreitamento ou obstrução das vias aéreas, especialmente superiores;
    • Crepitações: sons descontínuos, decorrentes do movimento do ar através de secreções (finas) ou da abertura e fechamento súbito das vias aéreas (grosseiras);
    • Atrito pleural: som contínuo, presente no acometimento da pleura.
  • Ruídos adventícios devem ser descritos quanto à fase do ciclo respiratório em que se encontram.

Características semiológicas de situações específicas

InspeçãoFTVPercussãoAusculta
AsmaTiragemNormal ou reduzidoHipersonoridadeRedução do MV, sibilos expiratórios
ConsolidaçãoExpansibilidade reduzidaAumentadoMacicezSom bronquial, crepitações finas e fixas
Derrame pleuralExpansibilidade reduzidaReduzidoMacicezRedução do MV
PneumotóraxExpansibilidade reduzidaReduzidoHipersonoridadeRedução do MV

Referência(s)

  • Aula da professora Laís Meirelles Nicoliello Vieira;
  • DUTRA, Adauto. Semiologia Pediátrica. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2010;
  • MARTINS, Maria Aparecida et al, Semiologia da criança e do adolescente, Rio de Janeiro: MedBook, 2010.

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