- Trata-se do comportamento do paciente (incluindo a fala, os gestos, a mímica, e os demais movimentos corporais) em relação, especificamente, ao entrevistador e a entrevista.
- Entrevistador não deve provocar nenhuma atitude específica no paciente durante o exame, pois isso impediria a avaliação fidedigna.
Principais alterações da atitude
Essa lista não é fechada, e a atitude de um paciente pode enquadrar-se em diversas categorias.
Atitude desejável
- Refere-se a atitudes que contribuem positivamente para a realização da avaliação psiquiátrica.
- Estão, normalmente, relacionadas a plena consciência de morbidade.
- Incluem atitude:
- Cooperante;
- Amistosa;
- De confiança;
- Interessada.
Atitude não cooperante
Descrição demasiadamente vaga, visto que há várias maneiras de não cooperar com o exame.
Atitude de oposição/negativista)
Paciente se recusa a participar da entrevista.
Atitude hostil
Paciente ofende, ameaça, ou agride fisicamente o examinador.
Atitude de fuga
Paciente dá sinais de medo.
Atitude suspicaz/de desconfiança
- Normalmente relacionada a atividade delirante.
- Paciente faz perguntas como “Você é mesmo médico?”, “Há microfones escondidos aqui?”, e “Por que você está me perguntando sobre isso?”.
Atitude querelante
Paciente se sente prejudicado ou ofendido, e discute ou briga com o examinador.
Atitude reivindicativa
Paciente exige insistentemente que aquilo que julga ser seu direito seja atendido.
Atitude arrogante
Paciente sente-se superior e trata com desdém o médico.
Atitude evasiva
Paciente evita responder a certas perguntas, sem se recusar explicitamente.
Atitude invasiva
Paciente deseja saber sobre a vida pessoal do examinador e/ou mexe, sem pedir autorização, em seus objetos no consultório.
Atitude de esquiva
Paciente não deseja contato social.
Atitude inibida/contida
Paciente não encara o examinador, e demonstra estar pouco à vontade.
Atitude desinibida
Paciente tem facilidade de contato social, não se sente constrangido (nem mesmo ao falar de sua vida sexual), e pode chegar a violar normas sociais e tornar-se inconveniente.
Atitude jocosa
Paciente está frequentemente fazendo piadas ou brincando com as outras pessoas.
Atitude irônica
Paciente faz piadas e usa um tom de voz arrogante e agressivo.
Atitude lamuriosa
Paciente queixa-se o tempo todo de seu sofrimento e demonstra autopiedade.
Atitude dramática
Reflete hiperemocionalidade.
Atitude teatral
Paciente parece estar fingindo, exagerando, ou querendo chamar a atenção dos outros.
Atitude sedutora
Paciente elogia e tenta agradar o examinador, ou despertar nele interesse sexual.
Atitude pueril
Comportamento semelhante ao de uma criança (paciente faz pirraça, brinca, trata o médico por “tio”, etc).
Atitude gliscroide/viscosa
Paciente “grudento”, com o qual é difícil encerrar a conversa.
Atitude simuladora
Paciente tenta parecer que tem sinais, sintomas, ou doenças na verdade ausentes.
Atitude dissimuladora
Paciente tenta ocultar sintomas ou doenças, com diversos objetivos (ex.: receber alta da internação).
Atitude indiferente
Paciente não se sente incomodado pela entrevista ou pela presença do médico.
Atitude manipuladora
Paciente tenta obrigar o médico a realizar seus desejos, muitas vezes por meio de ameaças ou de chantagem emocional.
Atitude submissa
Paciente, passivamente, atende a todas as solicitações do examinador.
Atitude expansiva
Paciente deseja intensamente o contato social, e trata o médico como se fossem íntimos.
Atitude amaneirada
Comportamento caricaturalmente bem-educado, como tratar o médico de “vossa excelência”.
Reação de último momento
Ocorre quando, após intenso negativismo, quando o examinador está prestes a desistir do contato, o paciente começa a cooperar com a entrevista.
Atitude nos principais transtornos mentais
Mania
Pode apresentar atitude expansiva, desinibida, e/ou jocosa, ou então irônica, arrogante, e/ou hostil.
Depressão
São comuns atitudes de lamúria ou de indiferença.
Esquizofrenia
- Em quadros em que predominam sintomas negativos, costuma haver indiferença em relação ao exame.
- Na catatonia, pode haver atitude de oposição e reação de último momento.
- Na hebefrenia, a atitude pueril é típica.
- Em quadros paranoides, observa-se atitude suspicaz, hostil, querelante, ou de fuga.
Delirium e demência
Em quadros avançados, pode haver indiferença em relação ao exame, cujo significado não é compreendido.
Retardo mental
É característico o comportamento pueril.
Epilepsia
Na epilepsia do lobo temporal (e em outros distúrbios neurológicos que acometem essa parte do cérebro), observa-se atitude gliscroide.
Transtorno conversivo e transtornos dissociativos
- Há sempre teatralidade.
- Pode haver também sedução, dramaticidade, simulação, puerilidade, e manipulação.
Fobia social e transtorno de personalidade esquiva
Inibição é um elemento fundamental desses transtornos.
Transtorno delirante e transtorno de personalidade paranoide
Atitude querelante, reivindicativa, ou suspicaz.
Transtorno de personalidade antissocial
Atitude sedutora, manipuladora, e hostil.
Transtorno de personalidade borderline
Atitude manipuladora e hostil.
Referência(s)
CHENIAUX, Elie, Manual de psicopatologia, 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.