Atitude em psiquiatria: o que é? Quais suas alterações? Como se apresenta nos transtornos mentais?

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  • 2 anos atrás
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  • Trata-se do comportamento do paciente (incluindo a fala, os gestos, a mímica, e os demais movimentos corporais) em relação, especificamente, ao entrevistador e a entrevista.
  • Entrevistador não deve provocar nenhuma atitude específica no paciente durante o exame, pois isso impediria a avaliação fidedigna.

Principais alterações da atitude

Essa lista não é fechada, e a atitude de um paciente pode enquadrar-se em diversas categorias.

Atitude desejável

  • Refere-se a atitudes que contribuem positivamente para a realização da avaliação psiquiátrica.
  • Estão, normalmente, relacionadas a plena consciência de morbidade.
  • Incluem atitude:
    • Cooperante;
    • Amistosa;
    • De confiança;
    • Interessada.

Atitude não cooperante

Descrição demasiadamente vaga, visto que há várias maneiras de não cooperar com o exame.

Atitude de oposição/negativista)

Paciente se recusa a participar da entrevista.

Atitude hostil

Paciente ofende, ameaça, ou agride fisicamente o examinador.

Atitude de fuga

Paciente dá sinais de medo.

Atitude suspicaz/de desconfiança

  • Normalmente relacionada a atividade delirante.
  • Paciente faz perguntas como “Você é mesmo médico?”, “Há microfones escondidos aqui?”, e “Por que você está me perguntando sobre isso?”.

Atitude querelante

Paciente se sente prejudicado ou ofendido, e discute ou briga com o examinador.

Atitude reivindicativa

Paciente exige insistentemente que aquilo que julga ser seu direito seja atendido.

Atitude arrogante

Paciente sente-se superior e trata com desdém o médico.

Atitude evasiva

Paciente evita responder a certas perguntas, sem se recusar explicitamente.

Atitude invasiva

Paciente deseja saber sobre a vida pessoal do examinador e/ou mexe, sem pedir autorização, em seus objetos no consultório.

Atitude de esquiva

Paciente não deseja contato social.

Atitude inibida/contida

Paciente não encara o examinador, e demonstra estar pouco à vontade.

Atitude desinibida

Paciente tem facilidade de contato social, não se sente constrangido (nem mesmo ao falar de sua vida sexual), e pode chegar a violar normas sociais e tornar-se inconveniente.

Atitude jocosa

Paciente está frequentemente fazendo piadas ou brincando com as outras pessoas.

Atitude irônica

Paciente faz piadas e usa um tom de voz arrogante e agressivo.

Atitude lamuriosa

Paciente queixa-se o tempo todo de seu sofrimento e demonstra autopiedade.

Atitude dramática

Reflete hiperemocionalidade.

Atitude teatral

Paciente parece estar fingindo, exagerando, ou querendo chamar a atenção dos outros.

Atitude sedutora

Paciente elogia e tenta agradar o examinador, ou despertar nele interesse sexual.

Atitude pueril

Comportamento semelhante ao de uma criança (paciente faz pirraça, brinca, trata o médico por “tio”, etc).

Atitude gliscroide/viscosa

Paciente “grudento”, com o qual é difícil encerrar a conversa.

Atitude simuladora

Paciente tenta parecer que tem sinais, sintomas, ou doenças na verdade ausentes.

Atitude dissimuladora

Paciente tenta ocultar sintomas ou doenças, com diversos objetivos (ex.: receber alta da internação).

Atitude indiferente

Paciente não se sente incomodado pela entrevista ou pela presença do médico.

Atitude manipuladora

Paciente tenta obrigar o médico a realizar seus desejos, muitas vezes por meio de ameaças ou de chantagem emocional.

Atitude submissa

Paciente, passivamente, atende a todas as solicitações do examinador.

Atitude expansiva

Paciente deseja intensamente o contato social, e trata o médico como se fossem íntimos.

Atitude amaneirada

Comportamento caricaturalmente bem-educado, como tratar o médico de “vossa excelência”.

Reação de último momento

Ocorre quando, após intenso negativismo, quando o examinador está prestes a desistir do contato, o paciente começa a cooperar com a entrevista.

Atitude nos principais transtornos mentais

Mania

Pode apresentar atitude expansiva, desinibida, e/ou jocosa, ou então irônica, arrogante, e/ou hostil.

Depressão

São comuns atitudes de lamúria ou de indiferença.

Esquizofrenia

  • Em quadros em que predominam sintomas negativos, costuma haver indiferença em relação ao exame.
  • Na catatonia, pode haver atitude de oposição e reação de último momento.
  • Na hebefrenia, a atitude pueril é típica.
  • Em quadros paranoides, observa-se atitude suspicaz, hostil, querelante, ou de fuga.

Delirium e demência

Em quadros avançados, pode haver indiferença em relação ao exame, cujo significado não é compreendido.

Retardo mental

É característico o comportamento pueril.

Epilepsia

Na epilepsia do lobo temporal (e em outros distúrbios neurológicos que acometem essa parte do cérebro), observa-se atitude gliscroide.

Transtorno conversivo e transtornos dissociativos

  • Há sempre teatralidade.
  • Pode haver também sedução, dramaticidade, simulação, puerilidade, e manipulação.

Fobia social e transtorno de personalidade esquiva

Inibição é um elemento fundamental desses transtornos.

Transtorno delirante e transtorno de personalidade paranoide

Atitude querelante, reivindicativa, ou suspicaz.

Transtorno de personalidade antissocial

Atitude sedutora, manipuladora, e hostil.

Transtorno de personalidade borderline

Atitude manipuladora e hostil.

Referência(s)

CHENIAUX, Elie, Manual de psicopatologia, 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.


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