- Definições:
- “Inteligência é a capacidade de compreender e de elaborar conteúdos intelectuais que facilitem a realização de novas adaptações para a obtenção de um objetivo apetecido” (Nobre de Melo, 1981);
- “Inteligência consiste em especificar um objetivo, avaliar a situação vigente para saber como ela difere do objetivo, e pôr em prática uma série de operações para reduzir a diferença” (Pinker, 1999);
- “Inteligência é a capacidade para aprender a partir da experiência, usando processos metacognitivos para melhorar a aprendizagem, e a capacidade para adaptar-se ao ambiente circundante, que pode exigir diferentes adaptações dentro de diferentes contextos sociais e culturais” (Sternberg, 2000).
- Pensamento inteligente caracteriza-se pela riqueza de conceitos, por juízos que correspondem à realidade, e por um raciocínio que segue os princípios da lógica formal.
- Condições instrumentais da inteligência:
- Atividade sensorial;
- Memória;
- Habilidade motora;
- Habilidade verbal;
- Resistência à fadiga.
- Condições promotoras da inteligência:
- Atenção;
- Vivacidade dos processos instintivos e afetivos;
- Unificação da vontade.
- Há evidência da existência de um componente comum referente ao desempenho em tarefas intelectuais (fator G), embora ele não explique todos os resultados, sendo encontrados também fatores comuns complementares (capacidades primárias).
- Períodos críticos: fases do desenvolvimento da criança importantes para a aquisição de habilidades específicas.
Alterações da inteligência
Patologicamente, a inteligência só se altera de forma quantitativa e para menos, configurando deficit intelectivo.
Desenvolvimento deficiente
- Relacionado a problemas na aquisição de habilidades específicas.
- Nível da inteligência é inferior ao da maioria dos indivíduos de mesma idade.
Deterioração intelectiva
Queda dos rendimentos intelectivos em comparação com o nível pré-mórbido.
Exame da inteligência
- Entrevista com o paciente permite impressão geral sobre seu nível intelectivo, com a observação de sua capacidade de usar e compreender conceitos, metáforas, e analogias, da adequação de seus juízos e raciocínios, e da extensão de seu vocabulário.
- Podem ser relevantes informações sobre seu desempenho escolar e/ou profissional, sobre como lida com os problemas do dia a dia, e sobre sua conduta social.
- Testes verbais simples de inteligência:
- Interpretação de provérbios;
- Interpretação de fábulas;
- Cálculos matemáticos simples;
- Definição de conceitos abstratos;
- Resumo de textos;
- Perguntas sobre semelhanças e/ou diferenças;
- Perguntas sobre conhecimentos;
- Solução de problemas;
- Testes de execução.
- Escalas mais utilizadas para avaliação psicológica de inteligência (QI) são WAIS para adultos e WISC para crianças.
Inteligência nos principais transtornos mentais
Retardo mental
- Definido como desenvolvimento interrompido ou incompleto da mente, com nível global de inteligência reduzido (QI < 70).
- Há dificuldade de síntese, abstração, e generalização.
- Pode haver atitude pueril, pensamento concreto e prolixo, impulsividade, labilidade e incontinência afetiva, e delírios de grandeza compensatórios.
Demência
- Síndrome demencial caracteriza-se pela desintegração progressiva do intelecto, da memória, e da personalidade. A inteligência deteriora-se após terem sido atingidos os níveis normais de desenvolvimento.
- Prejuízo intelectivo é desigual (observam-se vestígios de antiga riqueza, fragmentos de aquisições educacionais e culturais).
Delirium
Há prejuízo reversível no desempenho intelectivo.
Depressão
Há deterioração intelectiva (reversível) secundária ao prejuízo na atenção, à falta de motivação, e à inibição do pensamento.
Esquizofrenia
- Há deterioração intelectiva, sobretudo nas formas hebefrênica e residual, que pode estar relacionada às alterações do pensamento ou ao embotamento afetivo.
- Sintomas psicóticos costumam prejudicar o desempenho intelectivo.
- Deterioração intelectiva é possivelmente primária, relacionada diretamente a alterações estruturais no cérebro.
Referência(s)
CHENIAUX, Elie, Manual de psicopatologia, 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.