- Consiste na capacidade de se situar em relação a si mesmo e ao ambiente.
- Resulta da integração das diversas funções psíquicas a favor da apreensão (capacidade de relacionar diversas percepções para alcançar o significado do contexto).
- Divide-se em:
- Orientação temporal (quando);
- Orientação espacial (onde);
- Orientação quanto às outras pessoas (quem);
- Orientação situacional (o que e por que).
Alterações quantitativas (desorientações)
São frequentemente acompanhadas de vivências de estranheza e perplexidade em relação ao mundo externo.
Desorientação confusional
Relacionada a um rebaixamento do nível da consciência e, portanto, a um prejuízo da atenção e das demais funções cognitivas.
Desorientação amnésica
Relacionada a prejuízo de memória, sobretudo da de fixação.
Desorientação apática
- Relacionada a prejuízo quantitativo do afeto ou da conação.
- O paciente não se situa em relação ao mundo externo em função de desinteresse.
Desorientação delirante
Indivíduo passa a reconhecer como estranho algum dos elementos de sua percepção que poderia ajudá-lo a apreender seu contexto (ex.: síndrome de Capgras, jamais vù).
Desorientação por deficit intelectivo
Deficit intelectivo pode provocar dificuldade na apreensão do mundo externo.
Desorientação por estreitamento da consciência
Alteração qualitativa da apreensão prejudica a apreensão do mundo externo.
Alterações qualitativas (falsas orientações)
Falsa orientação confuso-oniroide
Rebaixamento do nível de consciência somado a distúrbios sensoperceptivos levam o paciente a percepções errôneas quanto ao seu contexto.
Falsa orientação paramnésica
Desorientação amnésica provoca, em função de fabulação, falsa orientação.
Falsa orientação delirante
- Orientação verdadeira é substituída por uma falsa, delirante.
- Pode também haver coexistência da falsa orientação com a verdadeira (dupla orientação), de modo incoerente.
Falsa orientação por estreitamento da consciência
Paciente está tão aderido a vivências internas que as utiliza, erroneamente, como referência para a orientação alopsíquica.
Exame da orientação alopsíquica
- Fácies de perplexidade pode ser sugestiva de desorientação.
- Caso o comportamento do paciente deixe dúvidas quanto à sua orientação, basta perguntar a ele informações sobre o contexto (data, local, situação, pessoas envolvidas, etc).
Orientação alopsíquica nos principais transtornos mentais
Demência
- Orientação temporal costuma ser a mais precocemente perdida.
- Sucessivamente atinge-se também a orientação situacional, a espacial, e a autopsíquica.
- Podem ocorrer falsas orientações fabulatórias.
- Há dificuldade em avaliar a passagem do tempo.
- Desorientação deve-se aos deficits mnêmico e intelectivo.
Transtorno amnésico
- Ocorre desorientação amnésica e falsas orientações fabulatórias.
- Há preservação da orientação autopsíquica.
Delirium
- Há desorientação confusional ou falsas orientações confuso-oniroides.
- Há preservação da orientação autopsíquica.
Esquizofrenia
- Em quadros paranoides, pode haver falsas orientações delirantes ou dupla orientação delirante.
- Em quadros apático-abúlicos, há desorientação apática.
- Pode haver reificação do tempo.
Mania
A passagem do tempo é percebida como acelerada.
Depressão
- A passagem do tempo é percebida como acelerada.
- Há desorientação apática.
Intoxicação por alucinógenos
LSD e mescalina podem alterar a sensação da passagem do tempo,
Retardo mental
O deficit intelectivo pode dificultar a compreensão do paciente de conceitos temporais abstratos.
Transtornos dissociativos
- Na amnésia e no transe psicogênico podem ocorrer alterações quantitativas e qualitativas.
- Padrão é diferente do que se encontra em quadros orgânicos, com possível perda de orientação autopsíquica concomitante a preservação da orientação alopsiquica.
Epilepsia
- Pode ocorrer desorientação nos estados crepusculares epilépticos.
- Caso vivências delirantes ou alucinatórias ocorram, podem ocorrer falsas orientações.
Referência(s)
CHENIAUX, Elie, Manual de psicopatologia, 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.