Orientação alopsíquica em psiquiatria: o que é? Como se altera? Como examinar? Como se apresenta nos transtornos mentais?

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  • 2 anos atrás
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  • Consiste na capacidade de se situar em relação a si mesmo e ao ambiente.
  • Resulta da integração das diversas funções psíquicas a favor da apreensão (capacidade de relacionar diversas percepções para alcançar o significado do contexto).
  • Divide-se em:
    • Orientação temporal (quando);
    • Orientação espacial (onde);
    • Orientação quanto às outras pessoas (quem);
    • Orientação situacional (o que e por que).

Alterações quantitativas (desorientações)

São frequentemente acompanhadas de vivências de estranheza e perplexidade em relação ao mundo externo.

Desorientação confusional

Relacionada a um rebaixamento do nível da consciência e, portanto, a um prejuízo da atenção e das demais funções cognitivas.

Desorientação amnésica

Relacionada a prejuízo de memória, sobretudo da de fixação.

Desorientação apática

  • Relacionada a prejuízo quantitativo do afeto ou da conação.
  • O paciente não se situa em relação ao mundo externo em função de desinteresse.

Desorientação delirante

Indivíduo passa a reconhecer como estranho algum dos elementos de sua percepção que poderia ajudá-lo a apreender seu contexto (ex.: síndrome de Capgras, jamais vù).

Desorientação por deficit intelectivo

Deficit intelectivo pode provocar dificuldade na apreensão do mundo externo.

Desorientação por estreitamento da consciência

Alteração qualitativa da apreensão prejudica a apreensão do mundo externo.

Alterações qualitativas (falsas orientações)

Falsa orientação confuso-oniroide

Rebaixamento do nível de consciência somado a distúrbios sensoperceptivos levam o paciente a percepções errôneas quanto ao seu contexto.

Falsa orientação paramnésica

Desorientação amnésica provoca, em função de fabulação, falsa orientação.

Falsa orientação delirante

  • Orientação verdadeira é substituída por uma falsa, delirante.
  • Pode também haver coexistência da falsa orientação com a verdadeira (dupla orientação), de modo incoerente.

Falsa orientação por estreitamento da consciência

Paciente está tão aderido a vivências internas que as utiliza, erroneamente, como referência para a orientação alopsíquica.

Exame da orientação alopsíquica

  • Fácies de perplexidade pode ser sugestiva de desorientação.
  • Caso o comportamento do paciente deixe dúvidas quanto à sua orientação, basta perguntar a ele informações sobre o contexto (data, local, situação, pessoas envolvidas, etc).

Orientação alopsíquica nos principais transtornos mentais

Demência

  • Orientação temporal costuma ser a mais precocemente perdida.
  • Sucessivamente atinge-se também a orientação situacional, a espacial, e a autopsíquica.
  • Podem ocorrer falsas orientações fabulatórias.
  • Há dificuldade em avaliar a passagem do tempo.
  • Desorientação deve-se aos deficits mnêmico e intelectivo.

Transtorno amnésico

  • Ocorre desorientação amnésica e falsas orientações fabulatórias.
  • Há preservação da orientação autopsíquica.

Delirium

  • Há desorientação confusional ou falsas orientações confuso-oniroides.
  • Há preservação da orientação autopsíquica.

Esquizofrenia

  • Em quadros paranoides, pode haver falsas orientações delirantes ou dupla orientação delirante.
  • Em quadros apático-abúlicos, há desorientação apática.
  • Pode haver reificação do tempo.

Mania

A passagem do tempo é percebida como acelerada.

Depressão

  • A passagem do tempo é percebida como acelerada.
  • Há desorientação apática.

Intoxicação por alucinógenos

LSD e mescalina podem alterar a sensação da passagem do tempo,

Retardo mental

O deficit intelectivo pode dificultar a compreensão do paciente de conceitos temporais abstratos.

Transtornos dissociativos

  • Na amnésia e no transe psicogênico podem ocorrer alterações quantitativas e qualitativas.
  • Padrão é diferente do que se encontra em quadros orgânicos, com possível perda de orientação autopsíquica concomitante a preservação da orientação alopsiquica.

Epilepsia

  • Pode ocorrer desorientação nos estados crepusculares epilépticos.
  • Caso vivências delirantes ou alucinatórias ocorram, podem ocorrer falsas orientações.

Referência(s)

CHENIAUX, Elie, Manual de psicopatologia, 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.


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