Técnica psicoterápica empregada na mudança de hábito, especialmente em pacientes de drogadicção. Foi desenvolvida com a finalidade de se apresentar como tratamento custo-efetivo para o problema do abuso de substâncias na sociedade.
Uma vez formado um hábito, é muito difícil mudá-lo, especialmente quando este hábito traz ativação direta do sistema de recompensas do organismo. Nessas situações, as técnicas clássicas de aconselhamento e de exposição de consequências negativas falham, pois o indivíduo costuma ora negar seu problema, ora negar sua capacidade de alterar o comportamento.
Histórico
- Historicamente, foi inspirada pela psicoterapia humanista (Carl Rogers), baseada em:
- Aceitação incondicional do paciente;
- Empatia, acolhimento, e suporte para a mudança;
- Paciente enquanto ser autônomo e responsável pela própria mudança.
- Método introduzido pelos estudos de Prochaska:
- Modelo transteórico de mudança;
- Desenvolvido no contexto das dependências químicas;
- Baseado na psicoterapia humanista;
- Direcionado ao uso em qualquer contexto clínico, e não numa psicoterapia estruturada.
Modelo transteórico de mudança
- Fases:
- Pré-contemplação: indivíduo nega ou não reconhece que seu hábito seja disfuncional;
- Contemplação: indivíduo reconhece as consequências negativas de seu hábito, mas não tem recursos ou iniciativa para mudar;
- Preparação: indivíduo decide mudar seus hábitos;
- Ação: indivíduo de fato começa a dar os passos necessários para mudar o hábito;
- Manutenção: indivíduo continua a se comportar conforme o novo hábito estabelecido, evitando recaídas.
- Prevê recaídas como parte do processo, o que impede que o paciente se frustre, se culpe, e desista da mudança caso retroceda de uma fase à fase anterior.
- A mudança precisa ser motivada: o indivíduo precisa reconhecer os benefícios do novo hábito e se importar com eles.
- Compreender o estágio de mudança em que o paciente se encontra é essencial para determinar qual a dorma de atuar em seu caso, pois os objetivos em cada estágio serão diferentes.
Princípios
- É, essencialmente, uma técnica de diálogo com o paciente que valoriza ou desperta nele o desejo de mudança, sem direcioná-lo de forma autoritária a mudar.
- Objetivo: resolver a ambivalência ou incerteza do paciente em relação à mudança.
- Deve haver uma boa relação entre médico e paciente, sendo que este deve estar ciente de que aquele o aceita e compreende como ele é, independentemente do início do processo de mudança.
Regras básicas
- Resist: resistir aos argumentos de autoridade;
- Understand: compreender a motivação (intrínseca ou extrínseca, sendo que a extrínseca normalmente é mais efetiva) do paciente;
- Listen: escutar o paciente, com perguntas abertas;
- Empower: empoderar o paciente, auxiliando-o a compreender suas forças e fraquezas, ressaltando as características positivas que possam auxiliar no processo de mudança (visão realista, mas otimista).
Perguntas centrais
- Por que você quer mudar esse comportamento ou hábito?
- Se você decidir seguir com essa mudança, o que você fará a respeito?
- Quais são as 3 maiores razões para essa mudança?
- Em uma escala de 0 (nada importante) a 10 (coisa mais importante da minha vida), quão importante para você é essa mudança?
Técnicas
- Enfatizar o quanto a mudança pode ser positiva para o paciente;
- Mostrar empatia ao longo da entrevista;
- Reconhecer e reforçar as conquistas e propostas do paciente;
- Lidar com os mecanismos de defesa (ex.: resistência) do paciente;
- Apoiar o desenvolvimento de autoeficácia (crença do paciente na sua própria habilidade de alterar seus comportamentos, sem sub ou superestimá-la).
Referência(s)
Aula do professor Jonas Jardim de Paula.