Resumo de terapias comportamentais: terapia cognitivo-comportamental e análise do comportamento aplicada

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  • 2 anos atrás
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Aspectos gerais do comportamento

  • Independentemente de termos ou não livre arbítrio, as pessoas têm um senso de controle sobre comportamentos, emoções, e processos mentais.
  • Boa parte das condições clínicas mais prevalentes na sociedade são causadas ou agravadas por escolhas pessoais (ex.: uso de drogas, alimentação inadequada, direção perigosa…). No entanto, é difícil implementar mudanças. Por quê?
  • Daniel Kahneman popularizou a ideia de que temos dois tipos de processos complementares:
    • Tipo 1: automatizados e não conscientes (rápidos, exigem pouco ou nenhum esforço voluntário, baseiam viéses e heurísticas);
    • Tipo 2: deliberados e conscientes (análise de consequências em longo prazo).
  • Alguns autores propõem um terceiro tipo de processo, baseado em mecanismos de urgência, ou seja: sensações desconfortáveis que levam o indivíduo a retornar ao funcionamento tipo 1 quando se busca privilegiar o tipo 2 (fissura).

Fundamentos de terapia cognitivo-comportamentais (TCC)

  • A TCC é uma abordagem terapêutica estruturada e com metas claras, que utiliza várias técnicas para alterar cognições.
  • Parte do pressuposto de que eventos provocam avaliações cognitivas, que provocam emoções, que provocam comportamentos, que provocam novos eventos. Avaliações cognitivas repetitivas geram, portanto, padrões de comportamento.
  • Há várias formas distintas de TCC. O que elas têm em comum são os pressupostos de que:
    • A cognição medeia emoções e comportamentos;
    • Embora não se possa controlar quando determinados pensamentos surgem, é possível monitorar, avaliar, e medir tais pensamentos;
    • A mudança de comportamento é mediada pelas avaliações cognitivas, e, portanto, evidencia a mudança cognitiva.
Fonte.
  • A TCC surgiu em várias ondas:
    • 1ª onda: comportamental, baseada em condicionamento clássico e operante, com pouco enfoque na relação terapêutica;
    • 2ª onda (clássica, beckiana): foco na modificação de pensamentos, visão da relação terapêutica como colaborativa;
    • 3ª onda (abordagens contextuais): ênfase nas estratégias de mudança dos contextos em que os pacientes estão inseridos, em vez de exclusivamente em problemas pontuais.
  • Princípios fundamentais da TCC:
    • Busca por evidências científicas;
    • Duração breve da terapia;
    • Terapia estruturada, com protocolos específicos;
    • Orientada para objetivos e focadas em problemas ou transtornos específicos;
    • Colaboração e participação ativa do paciente;
    • Psicoeducação.
  • É importante que haja uma aliança terapêutica sólida para que o paciente colabore com a psicoterapia.
  • O paciente é ensinado a manejar suas questões, para prevenir recaídas e “tornar o paciente seu próprio terapeuta”.

Definição e pressupostos da TCC

  • Tríade cognitiva: influencia a forma como o paciente interpreta as situações vividas. Caso composta por pensamentos distorcidos, sua mudança é vital para o processo terapêutico. Composta por:
    • Visão de si: o que o paciente acha de si mesmo;
    • Visão do outro/do mundo: como o paciente se relaciona com os outros e com o mundo;
    • Visão do futuro: relação que o paciente estabelece com suas expectativas, sonhos, e desejos.
  • Pensamentos automáticos: são aqueles que vêm à mente involuntariamente diante das situações, podendo ser funcionais ou disfuncionais.
  • Distorções cognitivas: viéses de pensamento que causam prejuízo ao indivíduo. Exemplos:
    • Leitura mental: presunções sobre o que as pessoas pensam, sem evidências suficientes sobre o conteúdo de seus pensamentos;
    • Previsão do futuro: paciente presume que sabe como o futuro acontecerá, presumindo sempre o pior;
    • Catastrofização: visão de que tudo que aconteceu e acontecerá será tão terrível quanto possível;
    • Filtro negativo: enfoque exagerado em aspectos negativos das situações, negligenciando os positivos;
    • Afirmações do tipo “deveria”: foco nos acontecimentos como deveriam ser, e não como são, gerando cobranças desproporcionais.
  • Crenças intermediárias: ideias, conceitos, e certezas incorporadas ao longo da vida, que podem assumir o papel de compulsões (ex.: o paciente crê que terá o desfecho negativo temido caso não realize determinado ritual).
  • Crenças nucleares: verdades absolutas, duradouras e profundas, que geram sofrimento. São influentes pois são moldadas por experiências pessoais desde a infância. Nem mesmo o paciente é capaz de articulá-las em alguns casos. Exemplos de crenças nucleares disfuncionais são:
    • Desamparo: o paciente tem certeza de que sempre falhará;
    • Desamor: o paciente tem certeza de que será rejeitado;
    • Desvalor: o paciente tem certeza de sua própria desimportância.
Fonte.

Processo terapêutico

  • A terapia busca questionar e corrigir os pensamentos automáticos para acessar as crenças intermediárias e nucleares e alterá-las.
  • O modelo de processamento da informação da TCC avalia que o cérebro processa imediatamente situações que confirmam suas crenças nucleares (foco atencional), e mais tardiamente aquelas que refutam-na.
  • O objetivo da terapia é ensinar o paciente a:
    • Monitorar e identificar pensamentos automáticos;
    • Reconhecer relações entre cognição, emoção, e comportamento;
    • Testar a validade de pensamentos automáticos e crenças nucleares;
    • Corrigir/Substituir pensamentos distorcidos por cognições mais realistas;
    • Identificar e alterar crenças subjacentes a pensamentos disfuncionais.
  • Técnicas empregadas podem ser:
    • Cognitivas (identificar, questionar, e corrigir pensamentos):
      • Identificação de pensamentos automáticos;
      • Questionamento de distorções cognitivas;
    • Comportamentais (confrontar pensamentos através de ações):
      • Agendamento de atividades;
      • Avaliações de habilidades;
      • Prescrições comportamentais de tarefas graduais;
      • Experimentos de teste de realidade;
      • Role-plays;
      • Treinamento de habilidades.
Registro de pensamentos: ferramenta empregada para avaliação de cognições distorcidas (fonte).
  • Procedimentos terapêuticos incluem:
    • Prescrição de tarefas de casa;
    • Obtenção de feedback;
    • Estabelecimento de objetivos;
    • Formulação e teste de hipóteses;
    • Verificação de desfechos.

Conceitualização de caso

  • É uma ferramenta empregada pelo terapeuta para sintetizar a experiência do paciente. Alguns de seus objetivos são:
    • Validação dos problemas apresentados;
    • Engajamento do paciente;
    • Tornar problemas complexos mais manejávies;
    • Orientar escolha, foco, e sequência das intervenções;
    • Identificar pontos fortes do cliente;
    • Antecipar e abordar problemas que podem surgir na terapia;
    • Compreender a não resposta a terapia e orientar rotas alternativas de mudança.
  • Deve incluir:
    • Diagnóstico e sintomas;
    • Contribuições das experiências do desenvolvimento;
    • Questões situacionais, interpessoais, biológicas, genéticas, e médicas;
    • Padrões típicos de pensamentos automáticos;
    • Crenças.
Fonte.

Fundamentos de análise do comportamento aplicada (ABA)

  • Dimensões da ABA:
    • Aplicada: visa realizar melhorias em comportamentos dos pacientes, com objetivo de melhora da qualidade de vida;
    • Comportamental: comportamento deve ser observável e mensurável para que possa ser alterado;
    • Analítica: observa dados para tomar decisões;
    • Tecnológica: procedimentos são descritos com precisão para que sua implementação possa ser repetida;
    • Conceitual: intervenções são consistentes com princípios demonstrados em pesquisas;
    • Eficaz: intervenção deve ser capaz de mudar o comportamento alvo em níveis clinicamente significativos;
    • Generalizável: modificação do comportamento deve ser observável em diversos domínios e contextos.
  • Comportamentos são selecionados por genética (filogenética), história de vida (ontogenética), e cultura.
  • Axioma da tríplice contingência: existe uma relação de interdependência e causalidade entre ambiente (estímulo), resposta (comportamento), e consequência.
    • Nem sempre é possível identificar imediatamente os elementos da tríplice contingência, sendo parte do papel do terapeuta fazê-lo.A punição isolada só funciona em presença do agente punidor, pois não educa o sujeito sobre a importância da alteração de seu comportamento.
    • Se há extinção da consequência reforçadora, há tendência do comportamento também se extinguir.
    • Todo comportamento é seguido por uma consequência. Tal consequência pode ser:
PositivaNegativa
RecompensaAcrescenta algo ao contexto com o objetivo de aumentar a probabilidade de repetição do comportamento no futuroRetira algo do contexto com o objetivo de aumentar a probabilidade de repetição do comportamento no futuro
PuniçãoAcrescenta algo ao contexto com o objetivo de diminuir a probabilidade de repetição do comportamento no futuroRetira algo do contexto com o objetivo de diminuir a probabilidade de repetição do comportamento no futuro
  • Estilos antecedentes: conjunto de experiências prévias que permitem previsibilidade de comportamentos (de si ou de outrem) diante de determinado contexto.

Referência(s)

Aulas dos professores:


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